quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Tudo se transforma...


Na natureza nada se cria e nada se perde, tudo se transforma”. Qualquer adolescente minimamente informado, com noção elementar de química e de física, conhece de sobejo esse enunciado, mesmo que não pense amiúde (ou mesmo nunca) nele. Trata-se do que a Ciência consagrou como uma das suas leis naturais, que rotulou de “Lei da Conservação da Massa”, ou de “Lei da Conservação da Matéria”, ou, ainda, de “Lei de Lavoisier”, em homenagem ao químico francês Antoine Lavoisier (que teve a cabeça decepada na guilhotina no chamado “Reinado do Terror” da Revolução Francesa). Apesar da paternidade dessa  “descoberta” (que, de fato, não passou de mera “constatação”), ter sido atribuída ao citado cientista, esse princípio certamente passou antes (muitíssimo antes) pela cabeça de milhares (sabe-se lá quantas) de pessoas, de tempos bastante remotos (sabe-se lá de quando), posto que ou era contestada, ou os que pensavam nela não ousavam expressá-la, ou talvez tivessem somente intuição a propósito, sem nenhuma convicção.

Se Lavoisier não houvesse estabelecido (na verdade “constatado”, pois mesmo se não fosse identificada por ele existiria à sua e à nossa revelia)  essa “lei”, certamente outro pesquisador qualquer o faria. Porquanto a mim (e provavelmente a você também, caríssimo leitor) ela parece ser absolutamente óbvia, embora os que se recusem a pensar no que os cerca (a maioria absoluta da humanidade), não se dêem conta de tal obviedade. Apesar desse conceito ser aplicável, sobretudo, à Química e à Física, ele é verdadeiro para tudo no mundo. E não apenas na Terra, mas em todo o Universo. Há quem argumente que matéria se transforme em energia (mas o vice-versa não ocorre). Isso, todavia, não derruba a lei, apenas a comprova. Não há, no caso, destruição e nem criação de nada. Só há transformação. Bem, não vou me aprofundar no tema, não pelo menos do ponto de vista científico, pois não sou cientista. Sou escritor (ou talvez mero “escrevinhador”, como costumo me auto-qualificar).

Trago, pois, a “Lei de Lavoisier” para um terreno mais chão, que me é mais familiar: o do “feijão com arroz”, ou seja, o do cotidiano. Nesse sentido, considero esse princípio natural sumamente positivo, para não dizer decisivo para a própria sobrevivência humana. Para justificar essa afirmação, vem-me de imediato à memória um exemplo, digamos, escatológico, certamente de mau gosto, nem por isso menos verdadeiro: o da produção diária de dejetos humanos. O leitor já pensou na quantidade de fezes e de urina gerados em um único dia por mais de 7,2 bilhões de indivíduos? Ascende a bilhões, quiçá a trilhões ou mais de toneladas. Já imaginaram se esse resíduo biológico todo não se transformasse, não se modificasse e não se degradasse de maneira natural? O Planeta estaria muito mais emporcalhado do que já está, que não é pouco, convenhamos.

Esses dejetos vêm se produzindo, dia a dia, sem cessar, há milhares de anos (sabe-se lá quantos), desde o surgimento da nossa espécie. E não é apenas o homem que os produz. Todos os seres vivos, sem exceção, também os geram. E estes ascendem a alguns bilhões de espécies, cada qual com número incontável de espécimes. Ainda assim... o mundo é razoavelmente habitável. Por que? Porque esses dejetos se transformam, graças à atuação de bactérias específicas, para as quais eles são “alimentos”. Sapientíssima natureza, embora em certos aspectos não deixe de ser cruel, posto que implacável! Tudo se transforma e o tempo todo. Nós nos transformamos a cada dia, a cada hora, a cada minuto, mesmo que tais transformações sejam imperceptíveis.

Transformamo-nos a vida toda, do nascimento à morte. Nossas obras se transformam, mesmo quando nos pareçam destruídas. Não são! São transformadas em algo diferente do que fizemos. Mas cada fragmento delas continua presente em algum lugar, posto que modificado. O mesmo ocorre com nossas idéias, que evoluem ou se degradam, de acordo com a natureza de nossas ações. O Sol, um dia, quando esgotar todo seu combustível, se transformará, provavelmente, numa anã vermelha. A Terra passará por essa transformação e virará cinzas ou algo que o valha. A Via Láctea irá se transformar. Mas nada novo será criado. E nada velho será destruído. Tudo, tudo será transformado. Pelo menos é o que a intuição me dita, com base nessa inflexível lei da natureza. Pensem nisso, mesmo que tal pensamento não sirva para nada prático, além de transformá-los um pouco mais, talvez em pessoas mais conscientes.

Boa leitura!

O Editor.

Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk               


Um comentário:

  1. Dizem que surgem novas estrelas todos os dias, assim como novos planetas. Minha mente é pequena demais para compreender isso. Quanto aos dejetos, rendeu-me risadas. Penso nisso em época de eleições. Como dar comida, água, esgoto, casa e outras perfumarias para tanta gente?

    ResponderExcluir