terça-feira, 27 de setembro de 2016

Estou cansado de sentir medo

* Por Eduardo Oliveira Freire


Sinto que vão invadir a casa a qualquer momento, mesmo fechando as janelas e as portas, diferentes sons entram pelas frestas e as vidraças vibram. A cada ano que passa, eles dominam cada vez mais o espaço e sinto saudade do tempo de criança que não volta: dias longos e serenos.

Hoje, tudo é rápido demais. O cachorro rosna, será alguém a caminhar no quintal? Lembro-me que li um conto de um escritor argentino (qual será o nome dele mesmo?), recordo, Júlio Cortázar. (Agora, o título do conto?). Deixa procurar no google ... Achei, Casa tomada narra a história de dois irmãos solteiros que vivem numa casa ampla, espaçosa, velha e cheia de lembranças dos seus antepassados.

O protagonista é quem narra a história dele e sua irmã, Irene. Meu Deus, como este conto me assombra, principalmente, por experimentar um caso semelhante! Lógico que vivo num contexto completamente diferente, mas, a sensação de meu mundo particular ser tomado por um turbilhão lá fora é angustiante do mesmo jeito.

Até, tive um sonho (ou será que foi um miniconto que escrevi há anos?) de ser um passarinho fugido da gaiola e que foi devorado por um gato, entretanto, vi pelos olhos do felino a visão do céu infinito.

Talvez, se for embora para uma mata fechada e ter um encontro com uma onça, veja no reflexo de seus olhos meu paraíso, o retorno do tempo perdido.

O cão late sem parar, olho pela janela e vejo um gato enorme a olhar fixamente para mim. Ouço passos estranhos pela casa e, de repente, sinto que a casa está parecida com a de quando era criança. Tenho a impressão de escutar meus pais me chamando ao longe.

* Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/


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