quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Urda Klueger e seus bichanos

* Por Silvério da Costa


Acabo de ler o livro “Nossa família aumentou”, da consagrada escritora catarinense Urda Alice Klueger. Trata-se de uma obra que fala do convívio de animais caseiros no seio familiar e suas relações com os seres humanos, dentro de uma ótica poética muito forte.

É um livro com viés infanto-juvenil, mas que incursiona, também, pelo mundo dos adultos, ou seja, destina-se a todas as idades. Até porque caracterizar esta ou aquela obra como infantil é extremamente temerário! O público-alvo nem sempre é aquele a quem, supostamente se destina o livro, pois as lições de moral que, muitas vezes guarda em si, não passam de cínicas hipocrisias. O mundo mágico das crianças reside na maneira como elas próprias o encaram.

Este livro, a despeito de ser construído a partir de várias histórias, é monotemático, retratando peripécias engraçadíssimas, fugindo dos estereótipos caseiros de sempre, atingindo e satisfazendo as expectativas dos leitores, sejam eles crianças, jovens ou adultos.

Os protagonistas são Manuelita Saens (uma gata) e Atahualpa (um cachorro) aprontando muito, como amigos que são, no convívio familiar, revelando, inclusive, situações hilárias que denotam o instinto apurado, ou seria a inteligência? Insuspeito (a) dos animais, dentro de certos contextos, estabelecendo com os leitores uma conexão de cumplicidade que ultrapassa a indigência criativa que anda por aí.

A Urda, que honra e muito as Letras Catarinenses e, por que não dizer, Brasileiras, traz para os leitores um recorte da sua capacidade de narrar, dentro do estilo despojado que a consagrou.

(Publicado originalmente no Jornal Sul Brasil, de Chapecó/SC, ano 21, edição 6389).


*Poeta e jornalista catarinense                  





Um comentário:

  1. Manuelita Sanes foi adotada, não comprada. Ficava dentro de uma gaiola na porta do pet shop, miando alto e súplice. Conquistou a adotante. Urda traduz a diferença da maneira de ser de um cachorro e de uma gata, que levando a tradição a sério do não apego dos felinos, chega a desaparecer. Muito bem falado sobre esse livro peculiar, Silvério.

    ResponderExcluir