Racionalidade é
sonho
O
homem, num determinado instante da sua trajetória pelo Planeta, que não se sabe
qual foi, adquiriu, surpreso, a consciência de que existia. Foi quando começou
a exercitar uma faculdade que o distinguia dos outros animais: a de pensar.
As três primeiras indagações que lhe
vieram, então, à mente, embora certamente não colocadas com tanta clareza,
foram: O que sou? Onde estou? Para onde vou? Da tentativa de responder a estas
três questões surgiram as ciências, as artes, as filosofias e as religiões.
Milhões de hipóteses foram levantadas,
uma quantidade incontável de textos foi escrita em torno desse primitivo tema.
Ninguém, todavia, respondeu de forma incontestável: o que sou? Onde estou? Para
onde vou?
Renè Descartes, por exemplo, na
tentativa de buscar a verdade, negou inicialmente a existência de tudo. Depois,
partiu de uma premissa básica: a célebre “Cogito, ergo sum”. Ou seja, penso,
logo existo. Talvez hoje, a rigor, a única conclusão exata a que possamos
chegar ainda seja apenas esta.
O que é a vida? É, sobretudo, um
mistério. É muito mais do que meros conjuntos de aminoácidos combinados para
formar proteínas componentes de células, tecidos, órgãos, estruturas completas.
Há algo impalpável que anatomista algum, nenhum cientista, por mais perito que
seja, conseguiu isolar, separar, dissecar, posto que é imaterial.
O homem, por exemplo, simula em sua
constituição orgânica o próprio universo. É regido pelas mesmas leis e
princípios naturais. Tem, em suas células, bilhões e bilhões de vidas
independentes. De sistemas vivos que nascem, crescem, reproduzem-se e morrem
constantemente.
A cada dia somos “outro” e no entanto
somos os mesmos. Continuamos vivendo. Esse quê imaterial passa das células moribundas
para as recém-nascidas num processo que só termina quando o indivíduo como um
todo morre. E para onde vai de fato essa chama que nos anima?
Na ausência de explicação, multidões
recorrem ao expediente da fé. Apesar da raridade da vida, tanta gente atenta,
24 horas por dia, 365 dias por ano, através de décadas, séculos, milênios,
contra esse dom, esse mistério, esse milagre.
Filmes, novelas, histórias passam a
impressão, a cada momento, que matar é um ato normal. Que isso faz parte do
processo de seleção natural existente no mundo. Claro que essa visão não é a
correta. Lógico que essa posição é sumamente imoral. Evidentemente não é uma
atitude de um ser racional, capaz de saber o que é o bem e o que é o mal.
No entanto, é a que ainda predomina,
mostrando que o homem ainda tem muito a aprender para que possa de fato ser
racional.
Boa leitura!
O Editor.
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk
As células são indivíduos, ainda que não autônomos. Quando uma delas resolve se rebelar, tornando-se um tumor maligno, poderá destruir as demais e a si própria. Este fato também é um mistério.
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