sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Bolsa ditadura

* Por Fernando Spanghero


Diante de tanta notícia ruim sobre os malfeitos de nossas autoridades que atiraram o país neste enorme abismo de lama, corrupção e roubalheira desenfreada, alguns benefícios inescrupulosos tendem a submergir ante a grandeza das patifarias que diariamente são desnudadas. Óbvio que, não é comum em nenhuma nação, por mais bandidos que possam estar encastelados em seus centros de comando e decisão, solicitar-se a prisão de ex- Presidente da República, de ex-Ministro líder de governo, do Presidente do Congresso e do Presidente da Câmara dos Deputados, já afastado a bem da moral da casa. Isto sem se contar que, há menos de 30 dias se apeou do poder a Presidente da República. Configurando-se os delitos, e, atendendo-se a pretensão do Procurador Geral da Republica, é uma vassourada sem precedentes na recente história da nossa jovem e instável democracia.

Tais fatos, por sua robustez e gravidade, tendem a deixar fora do foco dos noticiários outras tramóias, que apenas são esquecidas, pela falsa legalidade que lhes é dada pela mesma classe política que hoje amiúda-se ante à triste realidade que a quase todos envolve e assombra. Quando nos estertores do governo de Fernando Henrique Cardoso, o Congresso Nacional aprovou a lei 10.559; simplesmente denominada de Bolsa Ditadura; possivelmente, não se imaginava a esculhambação que viria a ser nas mãos dos governos petistas que se seguiriam.

Logo percebida como uma excepcional fonte de renda, diversos aproveitadores, com a chancela governamental, passaram a exigir do Estado, compensações financeiras, por eventuais problemas tidos durante os governos revolucionários, agindo como se a luta contra o sistema repressor fosse mais uma questão de investimento do que de ideologia. E mais uma vez, a farra com o dinheiro publico correu solta, beneficiando espertos de toda sorte. Gente que passou a ditadura sentada nas calçadas de Ipanema questionando o sistema a goles diários de chopp e uísque, como Jaguar e Ziraldo, pediram e receberam gordas indenizações (a época mais de R$ 1 milhão cada) afora uma “aposentadoria” mensal. Gente que chegou a escrever editoriais favoráveis ao sistema como Cony também levou o seu (R$1,3 milhões de indenização) e mais uma gorda “aposentadoria” mensal. Gente como as viúvas de Carlos Lamarca, assassino e assaltante de bancos que traiu e matou seus companheiros de farda, e a de Chico Mendes, que foi assassinado por motivos que nada tem a ver com a luta política contra a ditadura, também levaram o seu. Gente como a ex envolvida em assaltos Dilma Roussef que faturou 3 indenizações e, gente com o ex- sindicalista Luiz Ignácio da Silva, que, por promover desordens e chefiar piquetes grevistas em frente de fábricas ficou detido 31 dias e por isso recebe há vários anos uma jabá que hoje é superior a R$ 6.000,00 mensais. Gente como o presidente do PT Ruy Falcão, que mama apenas por ter sido sindicalista.

Enquanto isso, gente que lutou contra o sistema e saiu do país para o exílio, como Fernando Gabeira e José Serra, gente que combateu a ditadura escrevendo e emitindo opiniões diárias contrárias ao sistema, como Milôr Fernandes, tiveram a decência de não se locupletarem com o benefício, exatamente por entenderem que ideologia não é investimento e uso de opinião não é coisa que se venda e se pague, diferente dos milhares que se locupletam com a boquinha. A farra corrigida já custou ao contribuinte mais de R$ 20 bilhões e cresce a cada mês, graças a ideologia petista de resultados!


* Jornalista e poeta.

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