sábado, 24 de setembro de 2016

Sorte e obstinação

  
A obstinação, ou seja, a perseverança na busca de um objetivo, é fator primordial para o sucesso de qualquer empreendimento, individual ou coletivo. É muito fácil (e cômodo), embora contraproducente, abandonar uma tarefa pelo meio, quando surgem dificuldades, às vezes sequer muito grandes, mas que exigem das pessoas maior dose de aplicação, de esforço, de talento ou apenas de persistência.

O desânimo é uma tendência bastante comum, mas que reflete comodismo e em geral falta de objetivos definidos. É uma atitude a ser combatida com autodisciplina e com uma visão clara da meta que se quer atingir. É, aliás, o comportamento da maioria das pessoas (das perdedoras, evidentemente), que esperam que os outros atendam os seus desejos e necessidades, de graça, sem que precisem dar nenhuma contrapartida.

Feio, porém, não é fracassar, mas não haver sequer tentado ser vencedor. Alguns obstáculos, à primeira vista, assumem o aspecto de intransponíveis, embora raros o sejam de fato. Isto, é claro, se o objetivo visado for factível. Ou seja, desde que não extrapole para o terreno da fantasia, do sonho inconseqüente, da impossibilidade física, intelectual ou material. Mesmo nestes casos, o homem tem sabido, no correr da história, superar limites.

Outro fator amiúde citado pelas pessoas como fundamental para o sucesso é a chamada "sorte". E o que vem a ser esse conceito tão vago, com tantos significados, e que costumo denominar de "acaso?" São as chances que aparecem, na hora certa e que, quando aproveitadas, podem reverter situações adversas. É o inesperado, que nos livra de riscos e que evita, em muitos casos, a própria morte. É o aleatório agindo a nosso favor. É estar na hora certa, no local adequado e atento o suficiente para usufruir da oportunidade.

Lester Thurow, em seu livro "The Future of Capitalism", observa: "A moral da história é que é importante ser esperto, é ainda mais importante ter sorte, mas ainda mais importante é ser obstinado". A obstinação consegue reverter situações aparentemente impossíveis e opera "milagres". É uma poderosa arma para superar as adversidades de toda a sorte, das financeiras às familiares, passando pelos fracassos profissionais, mais comuns do que se pensa. Quantos indivíduos, que são "feras" nos tempos de escola, detentores das melhores notas da classe, primeiros colocados em vestibulares e que ao exercerem a profissão para a qual se prepararam com tamanho empenho, acabam frustrando expectativas (próprias e de terceiros)!

Aliás, essa parece ser mais a regra do que a exceção. Dificilmente vemos as "promessas" dos bancos escolares vingarem nas profissões que escolheram. Porque apenas a preparação acadêmica é insuficiente para garantir o sucesso. O reverendo norte-americano Norman Vincent Peale revela: "tenho observado, no correr dos anos, que a adversidade ou engrandece a pessoa ou a diminui. Nunca deixa como era antes".

Os que sabem extrair lições dos fracassos, independente do fator sorte, em geral revertem situações aparentemente de desvantagem e logram grandes feitos. Obtêm ou fortuna, ou fama, ou satisfação pessoal, dependendo do(s) objetivo(s) que impuseram em suas vidas. A maioria, no entanto, tende à autoflagelação diante de insucessos.

Os consultórios dos psiquiatras e psicanalistas andam repletos de neuróticos, viciados, deprimidos, com complexo de culpa ou de inferioridade. Foram "diminuídos" pelas adversidades (quando não massacrados por elas). Não souberam, ou não quiseram, ou não puderam perseverar. Em casos assim, a "sorte" nada resolve, até porque não costuma ser contínua, mas um evento raro, quando não único em uma vida.

O desânimo, no entanto, ainda não é o pior que pode acontecer a alguém e o levar ao fundo do poço. O pensador norte-americano Harry Emerson Fosdick aponta um inimigo ainda mais mortal: "É melhor desanimar do que conformar-se", destaca. O conformismo diante de qualquer condição (mesmo as favoráveis) ou situação é o caminho mais curto para a acomodação. Daí para a mediocridade é apenas um passo.

A perseverança é o antídoto também contra a conformação. Roger William Riis observa que o ser humano tem poderes com os quais sequer atina. Destaca: "Sempre que enfrenta um obstáculo intransponível, o homem se atira ao trabalho e acaba por sobrepujá-lo. Se há limites para ele, ignoro onde ficam. Mas não acredito que haja. Vejo o homem como um filho do universo que tem como herança a eternidade. Acho-o maravilhoso, sou seu devotado entusiasta. E positivamente me orgulho de fazer parte da raça humana". Eu também. Em especial dos empreendedores, dos esforçados, dos entusiastas, dos obstinados...

       
Boa leitura!

O Editor.

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Um comentário:

  1. "...a "sorte" nada resolve, até porque não costuma ser contínua, mas um evento raro, quando não único em uma vida." Há quem se queixe de nunca ter sorte. Falar em azar atrai o dito cujo. Faltam-me algumas características de empreendedora.

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