terça-feira, 20 de setembro de 2016

O Santo que morreu nas correntezas do Velho Chico

 * Por José Calvino


Em 1957, freqüentei o Curso de Iniciação ao Cinema, promovido pelo Centro de Orientação Cinematográfica. Relendo sobre a responsabilidade dos diretores do cinema, um trabalho que é árduo, pois dele todos da equipe esperam segurança, tanto na escolha dos planos como na condução da filmagem, tecnicamente falando. Ele deve saber até onde vão suas limitações técnicas e possibilidades com os equipamentos disponíveis, para que não peça coisas impossíveis... Por exemplo: no filme “Os brutos também amam”, com Alan Ladd, para fazer o papel o diretor recorreu a uma tapa no rosto do ator para que ele encenasse bem o personagem de bruto.

Quem conheceu o dramaturgo Ariano Suassuna sabe que ele recusou os Prêmios Shell e Sharp. Entretanto, aceitou as exigências do então diretor da Rede Globo José Bonifácio o “Boni”.

A morte de Domingos Montagner, o intérprete de Santo, nas correntezas do Rio São Francisco é um caso a se analisar. Na ficção, tudo aconteceu pelas águas do Velho Chico. Mas, no dia 15 de setembro, em Sergipe, aconteceu na vida real o mesmo com o intérprete de Santo, que ficou desaparecido no Velho Chico após um mergulho durante as gravações finais da trama, seu corpo foi encontrado preso nas pedras (sic). Pois as águas que o levaram e o trouxeram de volta na ficção, não fizeram o mesmo na vida real. E foi assim que Domingos morreu nas correntezas do Velho Chico.

* Escritor, poeta e teatrólogo pernambucano.Vejam e sigam Fiteiro Cultural: Um blog cheio de observações e reminiscências – http://josecalvino.blogspot.com/

Um comentário:

  1. Quando as pessoas reclamam que as novelas ensinam as pessoas a serem más, ardilosas, traiçoeiras, retruco que a novela copia a vida. Sem intriga, não há enredo. Mas nessa daí houve a contra-mão. A vida, ruidosamente copiou a novela.

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