terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Será Arte?


* Por Evelyne Furtado


A vida oferece tom, cor e sabor às emoções que produzem sensações diversas em um verdadeiro show de variedades.

Felizes o que possuem talento para a catarse, manuseando impressões em gestos, falas, palavras, performances, ritmos ou pincéis.

O protagonista às vezes dança como o bêbado da canção de João Bosco, imortalizada por Elis. A corda é seu caminho e chegar à outra ponta em todas as apresentações é sua vitória.

A sensibilidade é fundamental para que haja o bom desempenho. A técnica e o aprendizado são necessários, porém não substituem a emoção de forma alguma.

Esquecer a fala ou errar o passo pode parecer fatal. Mas a alma é imortal e se não for vendida como a de Fausto, ressurgirá no outro dia ou em qualquer dia seguinte ao ocorrido.

A alma vai além do ego fornecendo o fogo sem o qual o espetáculo será mera repetição do cotidiano frio e isso fica para as comadres que assistem a vida de suas janelas sem atuar.

Àqueles que foram presenteados com o dom de traduzir a aventura de viver é imprescindível que não deixem faltar lenha para alimentar a vida e iluminar o palco, pois do contrário a catarse será feita em becos escuros ou simplesmente não acontecerá intoxicando atores e platéias.

Traduzir-se, poema de Ferreira Gullar outra vez me serve, me guia e me auxilia na tradução da vida, portanto destaco os versos que dispensariam todas as minhas palavras, mas que insisti em manter por teimosia ou por pura catarse.


"Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?"

Ferreira Gullar.


* Poetisa e  cronista de Natal/RN.

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