segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Penúltimo dia

* Por Emanuel Medeiros Vieira


No penúltimo
Está embutido o último.
(Dias do tempo.)
Sou outrora/amanhã.
(E agora.)
Aliás: no primeiro dia as Parcas assobiam.

E somos meninos.
Crescemos.
Eternos nos imaginamos:
bodas, festas, esperanças
(céu azul, pássaro, juventude, nuvem
desapercebida).
Mas ela está lá – imanente.
E chega o penúltimo dia.
Escovamos os dentes, farelos de pão no
bigode, o leite morno, o cadarço solto do
sapato, a barba crescida.

E a rua, as gentes.
Mas um assobio chega assim de mansinho e inelutável.


* Romancista, contista, novelista e poeta catarinense, residente em Brasília, autor de livros como “Olhos azuis – ao sul do efêmero”, “Cerrado desterro”, “Meus mortos caminham comigo nos domingos de verão”, “Metônia” e “O homem que não amava simpósios”, entre outros. 


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