Imagens
* Por
Núbia Araujo Nonato do Amaral
De manhã cedinho ela
saia na ponta dos pés para que não acordássemos, quando dava por mim a neblina
já a havia engolido.
Aquilo me cortava o
coração, quem poderia me garantir que ela voltaria? Em dias de chuva eu a
perdia de vista e novamente amargava uma sensação de vazio avassaladora.
A neblina passava e
ela voltava com o pão e o leite comprados na base do caderninho, o alívio era
tão grande que eu chorava novamente.
A chuva definhava e a
devolvia, carecia nem trazer agrados, ela bastava. Nas datas comemorativas era
sempre a primeira a ligar, fazia questão...
A neblina que a
engolia ganhou ares de gravura, virou lembrança. A chuva que a embaralhava
entre tantas outras, dissipou-se, virou nuvem de algodão.
E ela? Engulo em seco,
uma vez mais, com aquele bendito nozinho na garganta, ela, com seu ar de bruxa
boa, virou saudades...
* Poetisa, contista, cronista e colunista do
Literário
Essas imagens infantis doem, provocam melancolia. Belo texto, adorei.
ResponderExcluirEssa mania que as mães têm de morrer.
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