quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Imagens


* Por Núbia Araujo Nonato do Amaral


De manhã cedinho ela saia na ponta dos pés para que não acordássemos, quando dava por mim a neblina já a havia engolido.

Aquilo me cortava o coração, quem poderia me garantir que ela voltaria? Em dias de chuva eu a perdia de vista e novamente amargava uma sensação de vazio avassaladora.

A neblina passava e ela voltava com o pão e o leite comprados na base do caderninho, o alívio era tão grande que eu chorava novamente.

A chuva definhava e a devolvia, carecia nem trazer agrados, ela bastava. Nas datas comemorativas era sempre a primeira a ligar, fazia questão...

A neblina que a engolia ganhou ares de gravura, virou lembrança. A chuva que a embaralhava entre tantas outras, dissipou-se, virou nuvem de algodão.

E ela? Engulo em seco, uma vez mais, com aquele bendito nozinho na garganta, ela, com seu ar de bruxa boa, virou saudades...

* Poetisa, contista, cronista e colunista do Literário


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