sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Não quero flores, quero um baobá!


* Por Urânia Munzanzu


Quero um homem que deseje meu corpo de curvas roliças, meu cabelo que cresce para o alto, minhas ancas largas para guardar filhos e meu cheiro forte de mulher preta.

Não quero flores, quero um Baobá!
Porque a minha boca carnuda, para o meu amor, deverá ser objeto de desejo e deleite, quero que o meu homem entenda o meu jeito de fazer as coisas como os "Os modos de uma rainha caprichosa", livre do pensamento imediatista, plantado em nós pelo colonizador.

Não quero flores, quero um Baobá!
Para que o meu amor saiba que meus seios fartos, além de alimentar
crianças, alimentarão cumplicidade de marido e mulher. E meu corpo, Ah! O meu corpo, tanto quanto o meu homem seja merecedor, será a morada do seu prazer, alento e conforto.

Não quero flores, quero um Baobá!
Porque com meu homem quero construir uma casa, ter um lar, cuidar das plantas, perder noites de sono com as crianças, sonhar juntos
e dormir empernada nas madrugadas frias...

As flores têm vida curta. São vulneráveis ao frio, ao vento, à chuva, ao sol...
O Baobá se ergue em terra firme. O sol e a chuva o tornam frondoso e abundante... Ele pode não trazer o perfume e a beleza das flores, mas tem força, longevidade e sob sua sombra, eu posso abrigar todos aqueles que são meus.

Não quero flores, quero um Baobá!


* Jornalista, cineasta e poetisa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário