domingo, 22 de novembro de 2015

Algumas mestras de grandes filósofos da Antiguidade


A contribuição feminina na origem e consolidação da Filosofia foi das mais relevantes, embora seja, ainda hoje, pouco conhecida ou, pior, quase que absolutamente desconhecida e, por isso, não reconhecida. Perdoem-me por este meu mau estilo literário, rimando palavras em texto não poético. Essa, todavia, é a melhor forma de expressar absurda realidade. Afinal, competência, criatividade e sabedoria não são, nunca foram e jamais devem ser questões  de sexo. Ou as pessoas as têm ou não as têm, independente se são homens ou mulheres. As informações que ora partilho com vocês as obtive na enciclopédia eletrônica Wikipédia. Não repetirei, portanto, doravante, a fonte, que está devidamente identificada e creditada, ok?

As mulheres contribuíram decisivamente não apenas com a filosofia, mas com todas as ciências, derivadas dessa prolífica fonte, com destaque para a matemática. Você ficou admirado com isso?! Não deveria! Afinal, é para lá de conhecido o senso prático feminino. E essa “arte” de quantificar, de medir, de pesar etc.etc.etc. é de extrema praticidade. Aliás, é imprescindível para todas as ciências (física, química, biologia etc.etc.etc.) e para as ações mais comezinhas do dia a dia. Ou não? Quando se fala – o que raramente ouço, é mister frisar – da contribuição feminina para a Filosofia, pensa-se, de imediato, nas gregas da Antiguidade. As relativamente conhecidas são, realmente, dessa etnia. Mas não foram as únicas. Em comentário anterior, abordei, por exemplo, o pioneirismo da suméria Enheduama, em uma época em que a imensa maioria da humanidade ainda estava mal saindo da era da Pedra Lascada.

Outra figura lendária, todavia, que tem que ser pelo menos citada, é a indiana Lopamudra. Essa sábia filósofa viveu, e atuou, em cerca de 800 a.C, portanto há quase três milênios. Aliás, essa questão de data de passado tão remoto não é para ser levada muito a sério. Trata-se, somente, de rústico referencial. Afinal, ao longo do tempo, foram tantos e tão exóticos calendários adotados pelos diversos povos que a adaptação para o nosso, atual, é mero exercício empírico. Datas de passado tão remoto, portanto, podem ter diferenças, para mais ou para menos, de décadas, de séculos e, às vezes, até mesmo de um milênio. Vá se saber! Portanto, as datas que citarei não são para serem levadas rigorosamente ao pé da letra. Não passam de rústico referencial e nada mais do que isso. Entre as façanhas de Lopandra, a tradição registra a composição de pelo menos um dos hinos do Rigveda, além da disseminação dos mil nomes da Deusa mãe.

A primeira filósofa grega de que se tem notícia é Temistocléia. Trata-se, conforme informações do filósofo Aristoxenos, da mestra de ninguém menos do que Pitágoras, o tal do famoso teorema. Além de se dedicar à Filosofia, foi, portanto, extraordinária matemática. Viveu em Delfos, no século VI a.C. Foi quem introduziu Pitágoras nos princípios da ética. É considerada a “primeira filósofa do Ocidente”. Quem quiser conhecer sua obra, portanto, é só atentar para as idéias de seu ilustre discípulo.    

Outra grega que se dedicou, simultaneamente, à Filosofia e à matemática, foi Melissa. Dela se conhecem menos detalhes ainda do que de Temistocléia. Sabe-se que viveu, e filosofou, também em Delfos, igualmente no século VI a.C e que foi ligada à escola pitagórica. Da filósofa grega seguinte da minha relação já li inúmeras referências, todavia, nenhuma vinculando-a à Filosofia. Refiro-me a Safo de Lesbos, que viveu nessa ilha entre os séculos VII e VI a. C. É conhecida como poetisa e educadora. Nasceu na cidade de Mitilene, na ilha de Lesbos. Rivalizou com o poeta Alceo e, junto com ele, representa a criação da poesia lírica grega, em contraposição à poesia épica (Homero). Da sua obra conservaram-se dez livros. A ela, todavia, são atribuídas práticas sexuais nada ortodoxas entre mulheres, sabe-se lá por qual razão. Supõe-se que a palavra “safada” e suas derivadas surgiram a partir do seu nome. Vejam que covardia se faz com a memória de pessoas que não podem se defender!

Outra filósofa grega cujo nome chegou até nós. Aristocleia, também viveu em Delfos, onde foi sacerdotisa. É citada por muitos antigos escritores como tutora de Pitágoras, antes deste ser entregue à tutela de Temistocleia. Como se vê, esse ilustre filósofo e matemático teve, na sua formação, importante e talvez decisiva influência feminina. Theanã, nascida em 546 a.C., viveu na última parte do século VI a.C. Foi respeitada matemática grega. É também conhecida como filósofa e física. Theanã foi aluna de Pitágoras e supõe-se, até mesmo, que tenha sido sua mulher. Acredita-se que ela e as duas filhas tenham assumido a escola pitagórica após a morte do ilustre filósofo e matemático.

Aspásia de Mileto é outra figura feminina que eu conhecia, mas fora do âmbito da Filosofia. Ela viveu de 470 a 410 a. C. Pertenceu ao círculo da elite de Atenas, onde conheceu Péricles e com ele teve um filho. Como sofista da época, Aspásia também nada escreveu. Os relatos de sua habilidade como argumentadora e educadora, bem como sua influência política sobre Péricles, encontram-se na obra de Platão. Aliás, atribui-se a esse filósofo a criação da personagem Diotima de Mantineia, sábia que é apresentada no diálogo “O banquete”. Não se sabe se ela existiu ou se foi mero fruto de ficção. Supõe-se que tenha existido de fato e vivido em Atenas entre os anos 427 e 347 a C. A ela atribui-se toda a teoria socrático-platônica do amor.

A filósofa seguinte da minha pífia relação, Asioteia de Filos, que viveu entre os anos de 393 e 270 a C, também é vinculada a Platão. Ensinava física na Academia do ilustre filósofo ao lado de outras mulheres que frequentavam a escola. Pena que nenhuma delas teve sequer o nome citado para que a posteridade ao menos soubesse que existiram. Mas... Deixa pra lá!

Já Hipárquia de Maroneia foi uma aristocrata grega, que foi elogiada por Diógenes Laertios pela cultura e raciocínio. Foi comparada a Platão. Escreveu: “Cartas e Tragédias”. Gostaria de ter acesso a essa obra, para conhecer um pouco das suas idéias. A filósofa seguinte é uma judia, que não praticava o judaísmo e que viveu no século I d C., na cosmopolita Alexandria, no Egito. Trata-se de Maria, ou Miriam,  seguidora do culto de Isis. É considerada fundadora da alquimia. Entre seus escritos está o livro de Magia Prática. Atribui-se a ela a descoberta do ácido clorídrico e é em homenagem às suas descobertas com o ponto de ebulição da água o nome de banho-maria que se dá a esse processo tão utilizado hoje em dia.

O último nome da minha relação de filósofas da Antiguidade é o de Hipácia. Ela viveu em 415 d C. Cultivou superiormente as matemáticas e a filosofia. Manteve viva a chama do pensamento helênico de raiz ateniense numa Alexandria dilacerada pelas lutas religiosas. Aliás, justamente por causa desses conflitos, foi brutalmente assassinada por uma turba enfurecida de religiosos fanáticos, que a linchou. É o preço que a inteligência pagava e ainda paga ante a superstição, a ignorância e a irracional violência. Na sequência, proponho-me a comentar sobre as filósofas da Idade Média. Afinal, elas existiram. E... filosofaram... Aguardem.

Boa leitura.


O Editor.

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