sábado, 28 de novembro de 2015

Á deriva


* Por Flora Figueiredo

Não sei aonde esse barco vai me levando.
Só sei que vou indo,
às vezes partindo,
às vezes chegando.
Rumo a um porto escondido ou a um peito perdido,
navego à deriva.
Levo uma missiva ao cais da alegria.
Devo encontrá-lo a qualquer hora,
num cochilo da noite
ou num descuido do dia.
Enquanto isso, vou no balanço
sem tempo certo, sem compromisso.
Viajo inteira, sem horizonte
e uma saudade como companheira.
Quando ancorar,vou transcrever um poema:
como viajar sem carta, sem bússola,
sem saber ao certo onde é o lugar.
Tenho a imensidão como tema.

* Poetisa, cronista, compositora e tradutora, autora de “O trem que traz a noite”, “Chão de vento”, “Calçada de verão”, “Limão Rosa”, “Amor a céu aberto” e “Florescência”; rima, ritmo e bom-humor são características da sua poesia. Deixa evidente sua intimidade com o mundo, abraçando o cotidiano com vitalidade e graça - às vezes romântica, às vezes irreverente e turbulenta. Sempre dentro de uma linguagem concisa e simples, plena de sutileza verbal, seus poemas são como um mergulho profundo nas águas da vida.


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