sábado, 21 de novembro de 2015

Os feriados obrigatórios


* Por Ruth Barros

  
Não se discute que ficar de papo pro ar é uma das melhores coisas da vida, principalmente se esse papo pro ar não for corolário (conseqüência) de desemprego, tédio, falta de grana, contas penduradas e outros desesperos. Mas nada enlouquece mais Anabel que os feriados obrigatórios, ou seja, aqueles em que a maioria das pessoas vai enforcar um pedaço da semana – como o Sete de Setembro que vem aí – e a grande maioria vai ser obrigada a achar diversão, amigos, lugar para onde ir, etc, etc, além dos gastos obrigatórios que essas atividades extras acarretam.

Pior ainda são os coitados que têm filhos, não vão emendar feriados (os pais, é claro) e que são obrigados a arranjar comida, diversão e balé para os pimpolhos presos em casa. Nos dias de hoje as escolas praticamente todas aproveitam para ter esses descansos prolongados e honestamente é impossível convencer empregadas, babás e quaisquer variações no gênero que façam o mesmo, mesmo porque não é justo deixar um trabalhador – alô, empregada doméstica é trabalhador feito qualquer outro – acorrentado ao serviço durante um feriado. E definitivamente empregada não é função obrigatória como pronto-socorro, médico ou jornalista. Jornalista aliás também não deveria ser, mas para nosso desespero, praticamente todas as redações do mundo trabalham nos feriados, sem contar os fins de semana.

Por outro lado, trabalhar enquanto todo mundo está na praia, na cachoeira, no sítio dos amigos ou simplesmente na casa da mamãe também é problema. Se por um lado resolve a questão do que fazer nesses dias, por outro lado deixa uma sensação de fracasso “onde foi que eu errei?”, todo mundo se divertindo e só a gente na labuta, ora bolas. O grande consolo continua no botequim, ou no sujinho da esquina ou no mais sofisticado e metido a besta, aliado a uma pequena vingancinha, pois afinal de contas, o povo da noite e dos bares também tem que rebolar durante os feriados. E eles têm de estar de prontidão para quando o nosso trabalho acaba e vamos para o bar tentar esquecer do próximo fechamento.

Anabel Serranegra quer se solidarizar com Plutão, que perdeu o status de planeta, em mais uma prova de que nada nesse mundo é definitivo.


* Maria Ruth de Moraes e Barros, formada em Jornalismo pela UFMG, começou carreira em Paris, em 1983, como correspondente do Estado de Minas, enquanto estudava Literatura Francesa. De volta ao Brasil trabalhou em São Paulo na Folha, no Estado, TV Globo, TV Bandeirantes e Jornal da Tarde. Foi assessora de imprensa do Teatro Municipal e autora da coluna Diário da Perua, publicada pelo Estado de Minas e pela revista Flash, com o pseudônimo de Anabel Serranegra.


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