sábado, 21 de novembro de 2015

Carência


* Por Carmo Vasconcelos


É uma tristeza ambígua, sutil, imprecisa
Este não sei quê que me dói aprofundar
Nesta incerteza... uma lacuna, um vaguear
Sem asa, meu voo malogrado que o chão pisa

Pena de escrava acorrentada a mil degredos
Rodeiam-me águas turvas onde não me espelho
Deuses de barro frente aos quais não me ajoelho
Visões fugazes como areia entre os dedos

Tão parco e breve me é o colo de acalento
Dum êxtase sublime tão raro o momento
Que só de lembranças se veste a noite escura

E em carência se vai esvaindo a formosura
De mãos e lábios sequiosos de prazer
Neste meu corpo ainda vibrante de mulher!


* Poetisa portuguesa

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