Literário

Amor

* Por Sayonara Lino

Hoje, caminhando na chuva, olhei para o lado e vi que era você. Ainda está bonita, cuidada, nem parece que passou dos quarenta.
Não quis parar, percebi que estava com pressa. Uma pressa que acabou por paralisar seus sonhos e fragmentou sua mente. Melhor seria ter ido mais devagar. Mas eu sei que a velocidade do mundo é cobradora e nos aflige.
Fico me perguntando por onde andará sua alma. O corpo eu vi, mas sua essência, essa se perdeu em algum momento do passado. Uma pena, porque seu futuro poderia ter sido bonito.
Enquanto eu existir, me lembrarei de você do jeito que era antes dessa ruptura. Guardei algumas cartas suas, muito coerentes, sinceras. Obrigada por ter cuidado de mim.
Os ausentes são muito vivos em minha memória. Os excluídos, injustiçados, todos podem tentar apagar, mas acredite, eu não deixarei que isso aconteça.
Gostaria de lhe ajudar, mas são tantas coisas e situações para dar conta...além do mais,uma aproximação é sempre delicada.
Hoje quando rezei mentalizei bons fluídos indo em sua direção. E não por acaso você caminhava na minha frente minutos depois. ( Acredita que todas as vezes que penso em você lhe vejo na rua?)
Estou deixando esse texto escrito porque se um dia você retornar poderá ler e quem sabe sentir meu amor que não sei se pude expressar. Não é por falta de amor que a gente adoece?

• Jornalista, fotógrafa e colunista do Literário