sexta-feira, 18 de novembro de 2011



A janela

* Por Suzana Vargas

Não consigo escrever
diante dos morros

Estão sempre à minha frente
quando corro
Não sei se o que me perturba
é o barraco ensolarado

Ou é a casa que habito
e seu ar acomodado
Nem de noite. Nem de dia
Na primeira são as luzes
Na manhã, desarmonias
entre a terra e o asfalto
Entre o chinelo de dedo
E o salto.

Do livro: Sem recreio, Achiamé, 1983, RJ



* Poetisa gaúcha, radicada no Rio de Janeiro, autora de literatura infantil e ensaísta. Tem 16 livros publicados, entre os quais “Sombras chinesas” , “Caderno de Outono” (indicado ao Prêmio Jabuti) e “O amor é vermelho”.

Um comentário:

  1. Mesmo que as feche ou puxe as cortinas
    seus olhos teimosamente se perderão no
    infinito.
    Abraços

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