terça-feira, 15 de novembro de 2011



O racismo construído


* Por Raul Longo

Para Edson Braga – O Anjo Provocador

Das 4 oligarquias que monopolizam as comunicações no Brasil, 3 são de origem judaica: Marinho, Civita e Mesquita.A pseudociência e a imprensa internacional citam uma etnia judaica. Isso é falácia. Nunca existiu. Havia os hebreus e diversas outras tribos e clãs de uma única etnia: os Semitas. Se não todos, praticamente todos os semitas eram nômades que acossados por hititas e persas vagavam abaixo da Anatólia (atual Turquia) entre o Mediterrâneo (atuais Síria, Líbia, Palestina e Jordânia), estendendo-se pela Mesopotâmia (atual Iraque). Ao sul se limitavam entre o Mar Vermelho e o Golfo Pérsico na grande Península Arábica.
Voltando à atualidade, os semitas judeus, antes hebreus, não comandam apenas os grandes meios de comunicação do Brasil. Rupert Murdoch, o maior empresário de comunicação do mundo, que através da News Corporation detêm a Fox, a Sky, Direct TV, New York Post e as publicações que o governo britânico tirou de circulação por escândalos de investigações indevidas e corrupção; também é filho de judeus.
Desde o final da Segunda Guerra Mundial, por todo o mundo as corporações capitalistas judaicas estimularam, incentivaram e apoiaram seus patrícios a investirem no setor de comunicações, tornando-os os grandes formadores da opinião pública internacional. Seja em nível mundial, como no caso de Murdoch, ou regional, como no caso de Maurício Sirotsky que além de repetir a TV Globo, monopoliza toda a imprensa falada e escrita nos estados do sul do Brasil.
Considerando que por milênios os judeus foram sem dúvida as maiores vítimas da difusão de preconceitos, sejam raciais ou religiosos, seria de imaginar que essa ampla rede internacional de comunicação e produção cultural se pautasse no combate a torpe manipulação de preconceitos e racismos.Para entender o fundamento desse raciocínio, convém revisitar um pouco mais a história lembrando que os europeus se exterminariam por si mesmos, soçobrando à violência e a ignorância insuflada entre os povos daquele continente desde a Idade Média.
Observando-se os registros da história europeia, se conclui que não existiria o que hoje se aponta como Civilização Ocidental se os mouros não houvessem aceitado o pedido de socorro do Bispo Olião. Olião recorreu à aliança do Califa de Marrocos contra Roderick, rei de Toledo na Ibéria ocupada pelos visigodos. Bárbaros de origem germânica, os visigodos converteram-se ao catolicismo, mas alguns, como Roderick (ou Rodrigo em espanhol) adotaram os princípios da não consubstancialidade entre Cristo e Deus, difundidos pelo Bispo Ário, de Alexandria (Egito) que, por volta de 319, pregava contrariamente a concepção divina de Jesus, afirmando Deus como mistério único e renegando o da Santíssima Trindade.
Muito mais tarde, já no século IX, essa polêmica também alimentou o chamado Grande Cisma do Oriente, uma disputa política que dividiu a Igreja Católica em Apostólica Romana e Ortodoxa. Essa divisão ainda hoje permanece e dá continuidade a milenares conflitos de interesses que levaram ao declínio dos Césares da Antiguidade, substituídos no Império Romano do Oriente, sediado em Constantinopla, e o do Ocidente, em Roma, pelo Sacro Império Católico Germânico quando o também Carlos Magno (Karl der Gro ße) obrigou os de sua etnia à conversão ao Cristianismo, assegurando-lhes a ocupação do sul da Alemanha, então Francônia, e, ao finalizar a expulsão dos celtas gauleses iniciada por César, compôs a hoje França, onde se criou e desenvolveu o idioma neolatino ali empregado.
Esses fatos bem demonstram quanto à promoção e utilização dos preconceitos em geral e religiosos em particular, por interesses de grupos políticos e econômicos, se responde com o impedimento da evolução humana, pois os conflitos entre as Igrejas Católicas, Romana e Ortodoxa, que já foram sangrentos, desmentem a hipócrita adoção do conceito de igualdade entre os homens. Se as predigas atribuídas a Cristo não nos salvou da promoção da intolerância, promovida pelos que se dizem seus representantes; em seu intuito de unificação das diversas tribos semitas, o profeta Maomé responsabilizou seus seguidores pela proteção dos Povos dos Livros Sagrados: a Bíblia cristã, o Torá judaico e o próprio Alcorão islâmico.
Dado o então desinteresse da Igreja Romana em intervir nos conflitos regionais que eclodiram entre os reis visigodos da Ibéria, o Bispo Olião, versado em árabe e conhecedor dos preceitos islâmicos, recorreu ao Califa por interesses políticos/territoriais denunciando as crueldades praticadas por seus oponentes, ainda que patrícios, contra judeus e cristãos não arianos (ou não seguidores daqueles antigos preceitos do Bispo Ário).
E assim, através do General Tarik, em 711 se deu o que seria chamado de Invasão Moura. Quando a Igreja Católica Romana assustou, os judeus já haviam aberto os portões de Toledo à Tarik. Percebendo que os Povos dos Livros Sagrados da Ibéria eram igualmente perseguidos e explorados por todos os reis visigodos e católicos (dos quais ainda hoje descendem as elites hispânicas e lusitanas), Tarik e seus posteriores ali permaneceram por 8 séculos.
Neste período os Mouros, assim chamados pela cor da pele herdada dos berberes -- não considerados etnia por provirem da miscigenação de diversas ascendências de povos nômades africanos, inclusive negros – implantaram na Europa inovações até então desconhecidas e impedidas pela Igreja Católica. A primeira delas foi a tolerância às divergências religiosas, conforme documentado numa rua de Toledo onde ainda permanecem, lado a lado, uma igreja católica, uma sinagoga e uma mesquita.
A frágil civilização europeia se extinguia nas guerras dos povos bárbaros e divergências territoriais de católicos entre si, dizimando-se também pela ignorância e falta de higiene que promoveu inúmeros surtos epidêmicos como o da Peste Negra que no século 14 reduziu em 1/3 a população do continente. Se não houve mais vítimas na Europa foi porque em Córdoba, capital do califado ibérico, instituíram-se as primeiras faculdades de medicina do continente, a primeira Universidade, bibliotecas, sistemas de saneamento, noções de urbanismo e arquitetura mais arejada e salubre. Ali também se desenvolveu o movimento de arte Moçárabe que reunia artistas cristãos e islâmicos, além de se resgatar filósofos e autores da antiguidade grega proscritos pela Igreja Católica Romana, e nos quais mais tarde se fundamentou o florentino movimento Renascentista.
Alguns autores tentam justificar a imunidade ibérica às pragas que grassavam por toda Europa, através de ilações sobre um inexistente isolamento durante os 8 séculos de ocupação moura. No mínimo trata-se de total desconhecimento da matéria de que se pretendem especialistas, posto que Córdoba foi então a mais visitada e frequentada cidade do mundo, além de a mais populosa do hemisfério norte. Centro do comércio internacional, sua moeda era a mais valorizada entre as que então existiam. Pelas universidades ibéricas se destacavam os maiores cientistas da época, sobretudo matemáticos judeus que assimilaram a ciência dos Babilônicos que por sua vez a haviam herdado dos sumérios.
Paralelamente, no restante da Europa o Sacro Império Romano difundia o movimento dos Flagelantes que queimaram vivos leprosos e judeus, acusando-os de responsáveis pela disseminação da Peste Negra. A Peste Negra também atingiu o norte de Portugal onde se concentrava a resistência à ocupação mourisca e, em 1569 atingiu Lisboa promovendo cerca de 600 mortes por dia. Apesar de imunes ao longo dos séculos da ocupação moura, um milhão de espanhóis vieram a sucumbir à chamada Peste Espanhola entre 1596 e 1602.
Com a reconquista cristã da Ibéria em 1492 os mouros retornaram à África no mesmo ano em que o herdeiro de suas artes de navegação, Colombo, descobriu as Américas; confirmando não ser nenhum exagero conferir às peles escuras daqueles africanos as luzes que iluminaram os caminhos seguidos pela civilização ocidental nos séculos posteriores, desde o Renascimento.
Bem verdade que os preconceitos religiosos continuaram provocando massacres e selvagerias como o da Noite de São Bartolomeu em 1572 quando, em França, os cristãos católicos assassinaram a 100 mil huguenotes (cristãos protestantes). Ou o da Semana Santa do ano de 1506, quando em Lisboa frades dominicanos prometeram absolvição de pecados a quem matasse os hereges (judeus) promovendo 3 dias de violações, torturas e assassínios.
Todos estes registros históricos suscitam grande estranhamento quando uma Editora Abril, fundada pelo judeu italiano Victor Civita, nascido em Nova York e de dupla nacionalidade, brasileiro e estadunidense, recorrentemente promove e divulga racismos não apenas contra semitas árabes, mas também contra negros, estendo-os aos nordestinos. Não por acaso a Abril se associou ao grupo Naspers, um dos maiores conglomerados de empresas no setor de comunicações e telecomunicações em praticamente todos os países do mundo capitalista e até mesmo na China. O grupo Naspers foi um dos sustentáculos do regime racial de apartheid da África do Sul, derrocado pela liderança de Nelson Mandela. Entre outros, Pieter Botha, o último e mais radical dirigente do país no apartheid e o mais acirrado inimigo de Mandela, também foi diretor da Naspers.
No entanto, convém lembrar que entre os anos de 1966 e 1976 a mesma Editora Abril publicava a saudosa Revista Realidade. Primeira publicação brasileira a desmistificar diversos tabus de nossa sociedade, já em 1968, com a promulgação do AI 5 da ditadura militar, a Realidade perdeu a tônica investigativa que revolucionou o jornalismo brasileiro, abordando de forma contundente temas como o coronelismo, a política eclesiástica de Roma, a mulher brasileira e o racismo num país que já então se mentia como Democracia Racial,
Ao nos depararmos com a capa de uma edição de agosto de 2006 da Revista Veja, da mesma Editora Abril, associando à foto de uma mulher negra a legenda: “Nordestina, educação média, 450 reais por mês, Gilmara Cerqueira retrata o eleitor que será o fiel da balança em outubro”, se pergunta o que foi feito da Revista Realidade que ao tratar do tema produziu a montagem de duas metades de rostos femininos a formar um único, ainda que um lado de mulher negra e de outro de mulher branca? Quem são os judeus: os donos da Editora Abril ou os frades dominicanos da Lisboa de 1506?
Será a Gilmara, apontada como ignorante e responsável pelo que os editores da revista consideram a Peste Negra brasileira? Lendo as páginas de uma edição do O Estado de São Paulo, fica difícil discernir quem mente a história da família Mesquita. Serão os donos do jornal ou Lucia da Mota no resumo de sua dissertação de mestrado em filosofia pela USP, contando que em 1682, o cristão-novo (judeu forçosamente convertido ao cristianismo) Gaspar da Costa Mesquita foi preso nos cárceres da inquisição em Lisboa? Se em 1683, como conta Lucia da Mota, a filha de Gaspar, Michaela Mesquita, foi presa com 16 anos de idade e, para escapar ao Santo Ofício, seus irmãos emigraram para Piratininga, trocando a situação de filhos de “importante família do círculo financeiro português” para de lavradores; por que o Jornal O Estado de São Paulo não denuncia o sistemático massacre de jovens e crianças semitas na Palestina, pelo governo sionista de Israel? Por que não denuncia a inquisição do Governo de Geraldo Alckmin, adepto da Opus Dei (ordem católica que dirigia o Santo Ofício na Europa) contra as comunidades pobres da capital e do estado de São Paulo, em sua maioria formada por cidadãos negros?
Por que os telejornais da TV Globo não denunciam as associações dos especuladores de petróleo com a Al Qaeda? Com Sadam Hussein? Com Muammar Kadhafi? Com Hosni Mubaraki e demais sheiks tirânicos dos emirados árabes? Num país onde a miscigenação entre negros e brancos é tão evidenciada e admirada por todos que aqui chegam, por que na programação de todas as emissoras do país, nas páginas de publicações de todas as editoras, tanto se evidencia a omissão dessa realidade social? Como detentores das maiores empresas de comunicação do Brasil, essas famílias de descendentes de judeus não teriam a responsabilidade histórica de influir na promoção da tolerância, compreensão e assimilação de nossas diversidades culturais? Não contribuiriam, como formadores da opinião pública brasileira, para evitar que aqui se venha a desenvolver a construção do racismo difundido entre os povos germânicos pelo regime nazista?

• Jornalista e escritor.

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