quinta-feira, 17 de novembro de 2011







Intimação

* Por Pedro J. Bondaczuk

No relógio de sol
a sombra está no meio.
Na ampulheta de prata
a areia escoou-se
e precisa ser virada.
O relógio de pulso
marca meio-dia.
a clepsidra de alabastro
esgotou a sua água.

E agora, o que fazer?
- Onde a resposta? –
pergunta a Esfinge.
- Qual o caminho? –
indaga a razão.
- Que finalidade? –
quer saber o instinto.

O tempo, contudo, segue
em sua marcha batida,
determinando o destino
da humana vida.
Leva consigo a
cornucópia de Ceres
e a caixa de Pandora.

E a Esfinge indaga:
- Quando?
A razão pergunta:
- Como?
E o instinto quer saber?
- Por que?

Mas o tempo prossegue
a sinistra colheita
do que semeou,
ceifando vidas,
sepultando cidades,
arruinando civilizações,
explodindo estrelas,
arrasando planetas,
formando galáxias,
pulverizando galáxias,
indiferente aos homens
e seus artificiais deuses.

E a Esfinge indaga:
- Será hoje?
A razão pergunta:
- Qual será a causa?
- Por que?
Intima o instinto,
frustrado e
sem resposta

* Jornalista, radialista e escritor. Trabalhou na Rádio Educadora de Campinas (atual Bandeirantes Campinas), em 1981 e 1982. Foi editor do Diário do Povo e do Correio Popular onde, entre outras funções, foi crítico de arte. Em equipe, ganhou o Prêmio Esso de 1997, no Correio Popular. Autor dos livros “Por uma nova utopia” (ensaios políticos) e “Quadros de Natal” (contos), além de “Lance Fatal” (contos) e “Cronos & Narciso” (crônicas). Blog “O Escrevinhador” – http://pedrobondaczuk.blogspot.com. Twitter:@bondaczuk

Um comentário:

  1. Pensei que o tempo traria bons presságios. Mas como? Enquanto a vida passa, vamos concretizando todos os estragos.

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