sexta-feira, 23 de setembro de 2011



Casa vazia

* Por Alberto da Cunha Melo

Poema nenhum, nunca mais,
será um acontecimento:
escrevemos cada vez mais
para um mundo cada vez menos,

para esse público dos ermos
composto apenas de nós mesmos,

uns joões batistas a pregar
para as dobras de suas túnicas
seu deserto particular,

ou cães latindo, noite e dia,
dentro de uma casa vazia.

• Escritor, sociólogo e jornalista pernambucano, falecido em 13 de outubro de 2007

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