Clóvis Campêlo e Liêdo Maranhão
Foto de Cida Machado/2010
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O meu cabaço
* Por Liêdo Maranhão
Sentado pelas calçadas rolando papo de sexo, a gente checava quem tinha fimose ou quem tinha cabaço.
Albano de Castro, médico, colegada Previdência Social, dizia que o punheteiro não tem fimose. Ele escaramela a rola toda na punheta e ela fica no grau. As cobranças eram grandes! Regras claras e machistas! Comer frango não valia: tirar o cabaço só na xoxotinha. Mentir não tinha jeito. O teste do cordão não permitia trapaça. Um cordão aproximadamente de setenta centímetros, dobrado ao meio; tira medida do pescoço. Prende nos dentes e passa pela cabeça. Se não passar é donzelo!
Magro, o pescoço fino, a cabeça grande o cordão não passava. Só depois de uma bruta blenorragia, aos quatorze anos de idade, saí do vexame! Conta Maria Pereira, alagoana da Laje, que na infância suas amigas faziam o teste do cordão para defender a honra.
O cabaço, eu tirei no Beco do Marroquim, pequena zona do Recife entre a Rua da Penha e a Rua do Rangel. Um correr de casas, parede-meia, de porta e janela. Memória do passado. Hoje, tomado de ambulantes. As edificações de “Rangel Calçados” e “Casa Cabus” destruíram as casinhas. Zona de mulheres baratas, frouxas, decadentes que envelheceram no ofício. De carícias audazes, verdadeiras mestras nas complicadas artes do leito. Os filmes pornôs e as revistas de sacanagens são fichinha.
Vestidas de “peignoir”, muito pintadas para se fazerem mais voluptuosas. A janela aberta, sentadas na sala, como se estivessem em uma vitrine, esperando os clientes para o “michet”...
Um dia bonito, a micharia no bolso para pagar suas carícias; eu entrei no quarto com a mulher. Dia de muita emoção!
Diz Pitigrilli, escritor italiano, autor de “O Cinto de Castidade”, “A Casta Suzana” e “Lições de Amor”, que fuder à noite é para homem casado e caixeirinho de loja.
• Escritor, escultor, cineasta e fotógrafo
Foto de Cida Machado/2010
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O meu cabaço
* Por Liêdo Maranhão
Sentado pelas calçadas rolando papo de sexo, a gente checava quem tinha fimose ou quem tinha cabaço.
Albano de Castro, médico, colegada Previdência Social, dizia que o punheteiro não tem fimose. Ele escaramela a rola toda na punheta e ela fica no grau. As cobranças eram grandes! Regras claras e machistas! Comer frango não valia: tirar o cabaço só na xoxotinha. Mentir não tinha jeito. O teste do cordão não permitia trapaça. Um cordão aproximadamente de setenta centímetros, dobrado ao meio; tira medida do pescoço. Prende nos dentes e passa pela cabeça. Se não passar é donzelo!
Magro, o pescoço fino, a cabeça grande o cordão não passava. Só depois de uma bruta blenorragia, aos quatorze anos de idade, saí do vexame! Conta Maria Pereira, alagoana da Laje, que na infância suas amigas faziam o teste do cordão para defender a honra.
O cabaço, eu tirei no Beco do Marroquim, pequena zona do Recife entre a Rua da Penha e a Rua do Rangel. Um correr de casas, parede-meia, de porta e janela. Memória do passado. Hoje, tomado de ambulantes. As edificações de “Rangel Calçados” e “Casa Cabus” destruíram as casinhas. Zona de mulheres baratas, frouxas, decadentes que envelheceram no ofício. De carícias audazes, verdadeiras mestras nas complicadas artes do leito. Os filmes pornôs e as revistas de sacanagens são fichinha.
Vestidas de “peignoir”, muito pintadas para se fazerem mais voluptuosas. A janela aberta, sentadas na sala, como se estivessem em uma vitrine, esperando os clientes para o “michet”...
Um dia bonito, a micharia no bolso para pagar suas carícias; eu entrei no quarto com a mulher. Dia de muita emoção!
Diz Pitigrilli, escritor italiano, autor de “O Cinto de Castidade”, “A Casta Suzana” e “Lições de Amor”, que fuder à noite é para homem casado e caixeirinho de loja.
• Escritor, escultor, cineasta e fotógrafo
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