sexta-feira, 30 de setembro de 2011





O lobo do homem

* Por Luis Ramirez

Tradutora Urda Alice Klueger


A manada se reuniu como em todas as noites, ao redor do seu chefe. Confiam no seu líder, sabem que é o mais feroz, velhaco e sanguinário. Ele os levará para a zona de caça, elegerá a presa e, uma vez aniquilada, repartirá os despojos.
Sigilosamente, se internam na noite.
Ocultos à luz da lua, espreitam.
Os olhos brilham na sombra, fumegam as bocas entreabertas, agarrados na escuridão, esperam.
O chefe, sem dúvidas é o mais astuto da matilha, é o primeiro que detecta que a presa se aproxima.
É um homem.
Os lobos aguardam.
O chefe observa que é um homem jovem, sua experiência lhe diz que deve ser precavido. Estas presas costumam ser rápidas e diante da menor ameaça correm e buscam o amparo de outros homens – então às vezes a caça se complica, consegue escapar ao seu destino de carne picada.
Um grunhido às suas costas lhe faz lembrar que outro macho da manada, tão feroz quanto ele, porém mais jovem, aspira ao seu posto.
Os demais permanecem em silêncio, os músculos em tensão, preparados para o salto.
A vítima vai se aproximando, desprevenida.
O chefe dá a ordem, uivam as sirenas e o carro de polícia avança.
A ordem era carne picada.



(Traduzido em 28.09.2011)

• Escritor argentino

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