Afinal um ensaio
O escritor Alípio Freire, no texto de apresentação do romance “Soledad no Recife” (Boitempo Editorial), de Urariano Mota, inserido nas orelhas do referido livro, observou: “Quando viramos a última página de ‘Soledad no Recife’, o mais indicado é que nos recolhamos a um profundo e contrito silêncio ou que nos lancemos à produção de um exaustivo ensaio literário (...)”. Tomei essas palavras como desafio. Posso ter (e tenho) inúmeros defeitos, contudo não sou pessoa de fugir da raia. Desafiado, costumo topar e dar o meu melhor para me sair bem. Nem sempre consigo, é verdade. Mas... jamais deixo de tentar.
Fiz as duas coisas propostas por Alípio, ao virar a última página do livro de Urariano, posto que em momentos diferentes. Num primeiro instante, logo após a leitura, recolhi-me a “um profundo e contrito silêncio”, que durou meses. Refleti muito sobre o que li e concluí que tanto a forma, quanto o conteúdo eram bons. Aliás, eram excelentes.
Parti, pois, para a recomendação seguinte, ou seja, a de lançar-me “à produção de um exaustivo ensaio literário”. Bem, exaustiva a tarefa não foi. Pelo contrário, a análise do romance foi agradável e proveitosa (para mim, claro). Também não posso garantir que meu texto tenha propriamente caráter literário, embora essa tenha sido, desde a primeira à derradeira linha, minha intenção. Mas garanto que escrevi o tal ensaio.
“E onde ele está?”, perguntará o leitor desatento, achando que perdeu alguma coisa. Ora, junte meus quatro textos anteriores postados neste espaço, intitulados, respectivamente, “Quando o talento alia-se à paixão”, “Paixão platônica (ou mediúnica)?”, “Beleza que antecede a tragédia” e “Final sem happy end”. Uniu-os? Pois bem, aí está o ensaio. Reitero que não sei (não posso garantir isso), se é de cunho literário. Talvez devesse aprofundar-me mais no assunto e ser mais meticuloso na análise. Admito a possibilidade do texto estar longe, muito distante das expectativas, Mas garanto que se trata de um ensaio, estritamente nos moldes de Michel Eyquem de Montaigne, o criador desse gênero de literatura.
Posso ter exagerado em algumas de minhas colocações. Não seria de se estranhar. O exagero faz parte da minha personalidade. Sempre que alguém me apõe esse rótulo, lembro, e não raro cito, a famosa composição de Cazuza. À certa altura o jovem cantor (que morreu tão prematuramente), acentua, numa espécie de estribilho: “Sou mesmo exagerado!”. Pois é, eu também. Admito e assumo tudo isso.
Mas se exagero houve no meu ensaio, foi para menos. Talvez não haja reconhecido, no seu devido valor, o mérito do livro e, sobretudo, do autor. Discorri pouco, por exemplo, sobre esse escritor com “E” maiúsculo. Mas o que os senhores queriam que eu dissesse a seu respeito? Queriam que reproduzisse seu currículo, que pode ser obtido com facilidade em outras fontes? Se o fizesse, estaria sendo redundante. Queriam que comentasse seu estilo?
Se você for leitor deste espaço, saberá qual ele é. Afinal, Urariano já publicou, aqui, 278 textos em quase seis anos. Eles perfazem o equivalente a mais de uma dezena de livros. Foi o único colunista que não falhou uma única semana, o que diz, sobretudo, muito de uma de suas tantas virtudes: a constância. Constância na produção. Constância em honrar compromissos. Constância e comprometimento com a literatura.
Mas, vá lá, digamos que vocês tenham razão e que eu deva falar alguma coisa do seu estilo. Devo adiantar que ele não lança mão de floreios desnecessários, pura encheção de lingüiça, vício recorrente de quem não tem o que dizer mas que acha que tem e tenta assumir a condição de escritor.. Não esperem isso de Urariano. Seus textos têm conteúdo. Nada neles é supérfluo. Não sai por aí, portanto, adjetivando a torto e a direito. Ademais, não inventa essas bobagens dos “modernosos”, que confundem modernidade com superfluoedade (perdoem o neologismo), como supressão de pontuação, ausência de maiúsculas onde estas se impõem e outras tantas bobagens do gênero. Ele respeita todas, rigorosamente todas as normas do idioma, da gramática e da escrita correta.
Urariano consegue unir as virtudes do jornalismo (é jornalista, e dos bons), com as da literatura que é uma das artes, e das mais nobres (é escritor, claro, e dos melhores). Ou seja, é objetivo e, simultaneamente, criativo. Tem em mente, sobretudo, que as duas atividades que exerce são “filhas” da comunicação. E comunica. Comunica com fluência, clareza, simplicidade e objetividade.
Querem, pois, um estilo melhor? Tenho certeza que seus leitores do Literário, do Direto da Redação, do Observatório de Imprensa, das revistas Carta Capital, Fórum e Continente e de outros tantos espaços em que publica seus textos, concordam comigo. E quem já leu seu primeiro livro de Urariano, “Os corações futuristas” (Bagaço, 1997) também.
Reitero, pois: junte meus quatro textos anteriores postados neste espaço, intitulados, respectivamente, “Quando o talento alia-se à paixão”, “Paixão platônica (ou mediúnica)?”, “Beleza que antecede a tragédia” e “Final sem happy end” e terão o tal ensaio que me comprometi publicamente a escrever. Desafio feito, desafio aceito. Desafio aceito, desafio cumprido. Fico no aguardo do próximo livro de Urariano (que, espero, não tarde a ser lançado), para redigir novo ensaio (ou quem sabe, novos) a respeito. Afinal, exagerado ou não, há uma característica minha que nem meus mais acérrimos adversários ousam, ou conseguem, negar: o meu bom gosto literário.
Boa leitura.
O Editor.
O escritor Alípio Freire, no texto de apresentação do romance “Soledad no Recife” (Boitempo Editorial), de Urariano Mota, inserido nas orelhas do referido livro, observou: “Quando viramos a última página de ‘Soledad no Recife’, o mais indicado é que nos recolhamos a um profundo e contrito silêncio ou que nos lancemos à produção de um exaustivo ensaio literário (...)”. Tomei essas palavras como desafio. Posso ter (e tenho) inúmeros defeitos, contudo não sou pessoa de fugir da raia. Desafiado, costumo topar e dar o meu melhor para me sair bem. Nem sempre consigo, é verdade. Mas... jamais deixo de tentar.
Fiz as duas coisas propostas por Alípio, ao virar a última página do livro de Urariano, posto que em momentos diferentes. Num primeiro instante, logo após a leitura, recolhi-me a “um profundo e contrito silêncio”, que durou meses. Refleti muito sobre o que li e concluí que tanto a forma, quanto o conteúdo eram bons. Aliás, eram excelentes.
Parti, pois, para a recomendação seguinte, ou seja, a de lançar-me “à produção de um exaustivo ensaio literário”. Bem, exaustiva a tarefa não foi. Pelo contrário, a análise do romance foi agradável e proveitosa (para mim, claro). Também não posso garantir que meu texto tenha propriamente caráter literário, embora essa tenha sido, desde a primeira à derradeira linha, minha intenção. Mas garanto que escrevi o tal ensaio.
“E onde ele está?”, perguntará o leitor desatento, achando que perdeu alguma coisa. Ora, junte meus quatro textos anteriores postados neste espaço, intitulados, respectivamente, “Quando o talento alia-se à paixão”, “Paixão platônica (ou mediúnica)?”, “Beleza que antecede a tragédia” e “Final sem happy end”. Uniu-os? Pois bem, aí está o ensaio. Reitero que não sei (não posso garantir isso), se é de cunho literário. Talvez devesse aprofundar-me mais no assunto e ser mais meticuloso na análise. Admito a possibilidade do texto estar longe, muito distante das expectativas, Mas garanto que se trata de um ensaio, estritamente nos moldes de Michel Eyquem de Montaigne, o criador desse gênero de literatura.
Posso ter exagerado em algumas de minhas colocações. Não seria de se estranhar. O exagero faz parte da minha personalidade. Sempre que alguém me apõe esse rótulo, lembro, e não raro cito, a famosa composição de Cazuza. À certa altura o jovem cantor (que morreu tão prematuramente), acentua, numa espécie de estribilho: “Sou mesmo exagerado!”. Pois é, eu também. Admito e assumo tudo isso.
Mas se exagero houve no meu ensaio, foi para menos. Talvez não haja reconhecido, no seu devido valor, o mérito do livro e, sobretudo, do autor. Discorri pouco, por exemplo, sobre esse escritor com “E” maiúsculo. Mas o que os senhores queriam que eu dissesse a seu respeito? Queriam que reproduzisse seu currículo, que pode ser obtido com facilidade em outras fontes? Se o fizesse, estaria sendo redundante. Queriam que comentasse seu estilo?
Se você for leitor deste espaço, saberá qual ele é. Afinal, Urariano já publicou, aqui, 278 textos em quase seis anos. Eles perfazem o equivalente a mais de uma dezena de livros. Foi o único colunista que não falhou uma única semana, o que diz, sobretudo, muito de uma de suas tantas virtudes: a constância. Constância na produção. Constância em honrar compromissos. Constância e comprometimento com a literatura.
Mas, vá lá, digamos que vocês tenham razão e que eu deva falar alguma coisa do seu estilo. Devo adiantar que ele não lança mão de floreios desnecessários, pura encheção de lingüiça, vício recorrente de quem não tem o que dizer mas que acha que tem e tenta assumir a condição de escritor.. Não esperem isso de Urariano. Seus textos têm conteúdo. Nada neles é supérfluo. Não sai por aí, portanto, adjetivando a torto e a direito. Ademais, não inventa essas bobagens dos “modernosos”, que confundem modernidade com superfluoedade (perdoem o neologismo), como supressão de pontuação, ausência de maiúsculas onde estas se impõem e outras tantas bobagens do gênero. Ele respeita todas, rigorosamente todas as normas do idioma, da gramática e da escrita correta.
Urariano consegue unir as virtudes do jornalismo (é jornalista, e dos bons), com as da literatura que é uma das artes, e das mais nobres (é escritor, claro, e dos melhores). Ou seja, é objetivo e, simultaneamente, criativo. Tem em mente, sobretudo, que as duas atividades que exerce são “filhas” da comunicação. E comunica. Comunica com fluência, clareza, simplicidade e objetividade.
Querem, pois, um estilo melhor? Tenho certeza que seus leitores do Literário, do Direto da Redação, do Observatório de Imprensa, das revistas Carta Capital, Fórum e Continente e de outros tantos espaços em que publica seus textos, concordam comigo. E quem já leu seu primeiro livro de Urariano, “Os corações futuristas” (Bagaço, 1997) também.
Reitero, pois: junte meus quatro textos anteriores postados neste espaço, intitulados, respectivamente, “Quando o talento alia-se à paixão”, “Paixão platônica (ou mediúnica)?”, “Beleza que antecede a tragédia” e “Final sem happy end” e terão o tal ensaio que me comprometi publicamente a escrever. Desafio feito, desafio aceito. Desafio aceito, desafio cumprido. Fico no aguardo do próximo livro de Urariano (que, espero, não tarde a ser lançado), para redigir novo ensaio (ou quem sabe, novos) a respeito. Afinal, exagerado ou não, há uma característica minha que nem meus mais acérrimos adversários ousam, ou conseguem, negar: o meu bom gosto literário.
Boa leitura.
O Editor.
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk
Caro amigo e generoso escritor Pedro:
ResponderExcluirjá manifestei por email o meu agradecimento a você, mas digo aqui o quanto me tocou a sua crítica. Responderei a ela, na medida do possível, na Feira do Livro de Porto Alegre. Lá,no seu berço natal, enviarei o meu fratenro abraço. O seu primeiro texto está republicado aqui http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=164316&id_secao=11
Outras republicações vêm aí.
Achei que não foi ensaio e sim a estreia, com todas as suas emoções. O que me fascina na literatura é essa capacidade de nos emocionar, através da imaginação. Mesmo sem ver nada, vemos tudo e os sentimentos brotam. Urariano faz isso com distinção, e você, Pedro, sem lhe fazer favor nenhum incensou-lhe com louvor essa produção.
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