quinta-feira, 15 de setembro de 2011







À beira-mar

* Por Pedro J. Bondaczuk

Sentado à beira-mar.
Rocha estática.
Espumas molhando os pés.
Deus primitivo.

Vento ululante,
a sibilar, raivoso.
Sentado à beira mar,
olhando o mar,
sem, contudo, vê-lo,
era rocha estática,
protótipo de firmeza.

Passou o vento.
Passaram ondas.
Passaram horas.
Passaram dias,
meses, anos,
séculos, milênios,
mas nada mudou
na rocha imóvel.

O tempo, com seu
buril de escultor,
desgastando o fluido
e a matéria concreta,
com sua fúria insana
de destruição e caos,
poupou a rocha imóvel.

Sentado à beira-mar,
com minhas tristezas
e sonhos falidos,
rocha estática,
eu era estátua
de pedra e sal
de um deus primitivo.

* Jornalista, radialista e escritor. Trabalhou na Rádio Educadora de Campinas (atual Bandeirantes Campinas), em 1981 e 1982. Foi editor do Diário do Povo e do Correio Popular onde, entre outras funções, foi crítico de arte. Em equipe, ganhou o Prêmio Esso de 1997, no Correio Popular. Autor dos livros “Por uma nova utopia” (ensaios políticos) e “Quadros de Natal” (contos), além de “Lance Fatal” (contos) e “Cronos & Narciso” (crônicas). Blog “O Escrevinhador” – http://pedrobondaczuk.blogspot.com. Twitter:@bondaczuk

2 comentários:

  1. Embora poupada em sua essência
    a solidão parece ter o peso de
    uma montanha.
    Abraços

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  2. O tempo sendo senhor absoluto das suas preocupações, Pedro. E no final a sua fragilidade mostra-se rocha.

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