sábado, 9 de junho de 2018

De Heloísa para Abelardo - Zélia Bora


De Heloísa para Abelardo


* Por Zélia Bora


Amor meu,
enfim chegastes
rompendo a minha eternidade seminal
meu voo é leve
como uma felicidade
compatível
que encanta os sentidos.
Ah!  esta liberdade
que faz de mim
esse ser refratário
exposto à maravilha da hora
SER EU
ateu,
feliz.

***


Me possuo,
desabrochada em pura felicidade do momento
pacto secreto da finitude.
Me possuo,
como a erupção do meu absoluto.
Meu Outro,
alma  exilada que agora volta para casa
saciada de tantas viagens
TU,  meu verdadeiro outro

***


 Mergulho em ti.
 Sou esse ente desenraizado
 que se dá ao extremo…
 e convida-te
 a assumir o teu próprio ser
 para além dos nossos corpos.
 Não te percas nas possibilidades
 fatuais, pois
 A MORTE É CERTA.
 Acompanha-me vida minha
 encontra esse outro modo da certeza
 que emerge dessa estranha alegria.

***


 Rasga-me uma comoção muda
  e vejo que não venci a angústia da morte
  essa satisfação do amor insatisfeito
  e solidão dos sentimentos
  que não encontra respostas.
  Estou só, irremediavelmente só
  então, fecho os olhos e adormeço
  sem projetos




* Zélia Bora tem doutorado em Estudos Portugueses e Brasileiros, pela Brown University, USA e atualmente é professora de Literatura Brasileira da Universidade Federal da Paraíba –UFPb.



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