terça-feira, 1 de fevereiro de 2011




Tinha uma pedra no meio do caminho



* Por Fabiana Bórgia

Tenho imensas plantações de sonhos. Na verdade, latifúndios. Já escrevi sobre isso, mas o tema não é repetitivo. Planto. Adubo. Faço chover. Respeito os períodos de seca. E hoje descobri que tudo sempre depende de chão. De algumas certezas.

As incertezas devem ser deixadas ao solo, e não espalhadas pelo vento. As sementes têm o potencial pronto. O terreno tem que ser fértil. É preciso fortalecer o solo antes de qualquer outra iniciativa.

Tenho podado dificuldades, alinhado as folhas, impedido pestes. Amadurecer dói, mas é libertador. Paciência é virtude que deve ser semeada junto às demais. Não se cresce do dia para a noite.

O que eu tenho plantado além de sonhos? Resolvi deixar os sonhos germinando lentamente. Quero respeitá-los. Tenho plantado meus pés. Resolvi tirar os sapatos, andar descalça, sentir a firmeza do que eu posso pisar. Uma vez ou outra, aparece uma pedra no meio do caminho. Mas não estranho. Drummond já havia me alertado. Confesso que gosto. O caminho está mapeado.

• Escritora por vocação e advogada por formação. Paulista por natureza e carioca por estado de espírito. Engenheira de sonhos: alguém em eterna construção. Autora do livro “Traços de Personalidade”

2 comentários:

  1. Ainda não havia pensado em sonhos como
    plantação...
    Então os meus estão precisando de uma boa
    poda, sem ser radical, pois os sonhos me fazem sorrir.
    Abraços

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  2. Ainda melhor do que plantar sonhos é colhê-los. Quem planta vento colhe pedras desmoronadas? Nesse caso é indispensável conhecer(mapear) o caminho. Texto poético, borbulhante de poesia e perigos.

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