terça-feira, 1 de fevereiro de 2011




Cartão de visita

* Por Talis Andrade

Pobre não tem
cartão de visita
Pobre reside
em algum recanto
de difícil acesso
um lugar perdido
a casa escondida

Pobre não recebe visita
A casa não tem espaço
não tem aconchego
sequer endereço

Pobre não recebe visita
Da casa de pobre
fogem os parentes
os aderentes

Da casa de pobre
derruba-se a porta
invadida
pelos oficiais de justiça
os cobradores a polícia

Visita em casa de pobre
visita da senhora morte
que vem sem aviso
embora morte anunciada
desde quando se nasce

Morto em casa de pobre
não tem sentinela
nem arrasta povo
no saimento do féretro
É morto sem reza
viático e vela

* Jornalista, poeta, professor de Jornalismo e Relações Públicas e bacharel em História. Trabalhou em vários dos grandes jornais do Nordeste, como a sucursal pernambucana do “Diário da Noite”, “Jornal do Comércio” (Recife), “Jornal da Semana” (Recife) e “A República” (Natal). Tem 11 livros publicados, entre os quais o recém-lançado “Cavalos da Miragem” (Editora Livro Rápido).

Um comentário:

  1. Pobre não tem reflexo, passam por eles
    como se fossem invisíveis...
    Bela poesia
    Abraços

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