Indefinição
* Por Evelyne Furtado
* Por Evelyne Furtado
Você é o encontro do primeiro casal. É o choro, o berço e a mão que me ergueu. Você é ternura e secura, abrigo e abandono, lar e rua. Você é esboço e arte pura.Som de gaivotas, norte, proximidade do mar. Você é o amor e o avesso. Dono e posseiro.
Descuida e cuida. Luz e breu. Mel e sal. Leite derramado. Fome e desperdício. Você é manhã, tarde, noite e insones madrugadas. Você é tempo bom, é frio, é calor, é (meu) vento brando. Você é tempo desigual.
Você é o que olha, é, também, quem o olha e o olhar que o ignora. Intensa presença em dolente ausência, você completa e desfalca. Põe e tira. Acalma e desassossega. Arranha e sopra. Chega e sai.
Você é instinto e civilização. Memória e esquecimento. Desejo e solidão. Sonho e cotidiano. Mocinho e bandido. Herói ancestral. Você é Eros e Tânatos. Tantos. Múltiplas vontades, vagas possibilidades. Você é céu de brigadeiro e marcas de pneus na minha estrada. Rio que corre devagar. Você é mar aberto, âncora e vaporoso cais.
• Poetisa e cronista de Natal/RN
• Poetisa e cronista de Natal/RN
Adorei, Evelyne! Inspirador! Beijos!
ResponderExcluirDizem que definir é limitar. Deixemos pois tudo indefinido, e chafurdemos conformados neste limbo amargo e doce que é viver. Belo texto, minha amiga.
ResponderExcluirAcordamos com o sol no rosto e quando vamos para
ResponderExcluira varanda ele se foi dando vez a grossas nuvens
cor de cinza.
O riso dá a vez ao choro e o que dizer do espelho
que vive nos traindo...ora estamos belas ora irreconhecíveis.
Nada enfim é definitivo...
Beijos
O mundo costuma ser dual, assim como o amor e a análise que fazemos do objeto amado. É de praxe amarmos justo as personalidades complexas, que nos deixam confusos, pois atraem e afugentam.
ResponderExcluirSayonara, Marcelo, Núbia e Mara: Eu ddorei os comentários! Obrigada e beijos .
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