Devaneios
* Por Evelyne Furtado
As palavras rebelam-se; não querem sair de mim. Tomam-me por inteira. Já não sou senhora delas; sou serva e como serva calo. Um silêncio confuso mora em mim. Sou feita de palavras ambivalentes: sombrios e esperançosos vocábulos. Ou antes, o contrário, pois a sombra ocupa o espaço da esperança.
Conflito, talvez seja esse o motivo da revolução. Venho investigando a razão. Razão? Era muito mais fácil sentir. Agora impera a indecisão: Querer e não poder. Querer mais que poder. Querer e não querer. Tão fácil esquecer enquanto ando na praia. Tão fácil me esquecer no mar. Andar sob o sol, segurando o chapéu com a mão. Receber o vento com alegria. Não falar, apenas ouvir o mar.
Difícil é alinhar palavras. Mais difícil organizar pensamentos. Quase impossível domar emoções. Aposto na respiração e ganho. Libertas palavras à toa, sem rigidez, nem ambição de ser boa nisso que faço. Tão bom como andar na areia molhada é não ter a vontade forte que tenho e que não se confunde com força de vontade, pois a última ainda não conquistei.
Eu treino força de vontade e paciência. Até bem pouco tempo exercia prazer e ilusão. Hoje não. Quem disse que precisa treinar o que é natural? Ninguém diria tal asneira. O que é instintivo flui como água, não requer disciplina. Escrever e ser paciente, sim, mas de preferência eu seria onda e espuma, vento e coqueiro, areia e mar. Eu seria somente praia a esperar.
• Poetisa e cronista de Natal/RN
* Por Evelyne Furtado
As palavras rebelam-se; não querem sair de mim. Tomam-me por inteira. Já não sou senhora delas; sou serva e como serva calo. Um silêncio confuso mora em mim. Sou feita de palavras ambivalentes: sombrios e esperançosos vocábulos. Ou antes, o contrário, pois a sombra ocupa o espaço da esperança.
Conflito, talvez seja esse o motivo da revolução. Venho investigando a razão. Razão? Era muito mais fácil sentir. Agora impera a indecisão: Querer e não poder. Querer mais que poder. Querer e não querer. Tão fácil esquecer enquanto ando na praia. Tão fácil me esquecer no mar. Andar sob o sol, segurando o chapéu com a mão. Receber o vento com alegria. Não falar, apenas ouvir o mar.
Difícil é alinhar palavras. Mais difícil organizar pensamentos. Quase impossível domar emoções. Aposto na respiração e ganho. Libertas palavras à toa, sem rigidez, nem ambição de ser boa nisso que faço. Tão bom como andar na areia molhada é não ter a vontade forte que tenho e que não se confunde com força de vontade, pois a última ainda não conquistei.
Eu treino força de vontade e paciência. Até bem pouco tempo exercia prazer e ilusão. Hoje não. Quem disse que precisa treinar o que é natural? Ninguém diria tal asneira. O que é instintivo flui como água, não requer disciplina. Escrever e ser paciente, sim, mas de preferência eu seria onda e espuma, vento e coqueiro, areia e mar. Eu seria somente praia a esperar.
• Poetisa e cronista de Natal/RN
Às vezes é o bastante deixar-se ser e estar, dando às palavras o devido e merecido descanso. No entanto, ao falar da falta delas, você nos presenteia com este belo texto. Imagine se elas lhe sobrassem...
ResponderExcluirGostei muito, Evelyne. Um beijo pra você.
E que venham mais devaneios Evelyne.
ResponderExcluirBelo texto.
Beijos
Um encerramento divino, bem poético!
ResponderExcluir"Coisa de Evelyne!"
Beijos.
Casamento perfeito entre o talento e a paisagem luxuriante: Evelyne e o mar natalense. O resultado dessa dupla é a prosa acima, com fortes tendências poéticas.
ResponderExcluirMarcelo, Núbia, Marleuza e Mara, obrigada. Um beijo para cada um.
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