A sunga branca
* Por Rodrigo Ramazzini
Sentado à beira-mar, embaixo de um guarda-sol, entre uma degustação e outra de goles de cerveja, entre breves leituras do jornal do dia, e uma discreta apreciação dos corpos bronzeados e torneados das mulheres, com os seus biquínis em tons variados, faziam com que Orlando exalasse tranqüilidade pelos poros, na manhã de um ensolarado sábado. Nem o constante pedir de dinheiro dos dois filhos para comprar qualquer coisa que se vendesse na areia da praia fazia com que perdesse a paciência. Foi então que, depois de incríveis dez minutos de silêncio e muita observação, a sua esposa, chamada Neiva, que estava deitada em uma esteira ao seu lado, fez o inquietante questionamento.
- Orlando, olha aquele cara lá de sunga branca. Se eu te comprar uma, tu usas?
Orlando sorveu um gole de cerveja e avistou o referido “cara”, após Neiva apontar-lhe. Era rapaz moreno, alto, com os cabelos um pouco cumpridos e com o corpo bem definido por horas de academia. Tinha uma tatuagem nas costas, mas que pela distância não conseguiu definir o desenho. Usava a tal sunga branca, enquanto jogava frescobol com uma mulher.
- Usaria ou não?, perguntou novamente a esposa.
- Não sei! Estou pensando..., respondeu.
“Um cara de sunga branca, jogando aquele jogo. Isso não me engana... Só pode ser veado”, pensou Orlando, carregando no preconceito.
- Eu acho que tu ficarias bonito de sunga branca!, comentou Neiva, para quebrar o silêncio...
- Pois é..., replicou Orlando, sem muita convicção.
Com o comentário da esposa, Orlando se deu conta de que Neiva estava a observar o rapaz de sunga branca, que lhe pareceu ser um homem bonito, mas resolveu classificá-lo como “estiloso” para não cair em qualquer tipo de desconfiança. “Essa espertinha fica aqui sentada só cuidando os homens”, refletiu com espanto, como se tivesse descoberto uma grande verdade das relações humanas e esquecendo-se que ele próprio observava o sexo oposto. Sentiu uma pontinha de ciúmes. Tomava mais um gole de cerveja, quando teve que ouvir mais uma observação da esposa.
- Tem que ser um cara “beeeeem” resolvido para usar sunga branca! Frisou Neiva, acentuando o adjetivo.
- Pois é..., foi o que conseguiu responder Orlando, em meio aos seus inquietantes pensamentos.
Foi então que, em meio à confusão mental, Orlando olhou novamente para o rapaz de sunga branca e pode acompanhar com detalhes, quando a mulher com quem ele jogava frescobol, uma morena espetacular, com esvoaçantes cabelos longos, um par de coxas torneadas e com uma barriga como se fosse esculpida, correu em sua direção, saltando areia e com os fartos peitos a balançar, sem qualquer tipo de cerimônia, saltou no colo do homem de sunga branca e tascou-lhe um beijo cinematográfico. Nesse meio tempo, Neiva refez a pergunta:
- E aí, usaria a sunga branca? Posso comprar?
Degustando mais um gole de cerveja antes de responder, Orlando pensou que não ficaria bem de sunga branca, até achava coisa de “veado”, seria motivo de chacota dos amigos, mas e daí? Duas mulheres gostavam de homens de sunga branca e deveriam ter outras. Sem contar que (esperançoso e resumindo e desconsiderando quaisquer outros critérios), talvez, conseguisse arrumar uma morena daquelas para uma aventura vestindo o traje de banho. Com isso, sem titubear, lascou a decisão com um sorriso no rosto e sem deixar transparecer a real intenção:
- Claro, Amor! Se tu achas que vai ficar legal em mim, podes comprar!
• Jornalista
* Por Rodrigo Ramazzini
Sentado à beira-mar, embaixo de um guarda-sol, entre uma degustação e outra de goles de cerveja, entre breves leituras do jornal do dia, e uma discreta apreciação dos corpos bronzeados e torneados das mulheres, com os seus biquínis em tons variados, faziam com que Orlando exalasse tranqüilidade pelos poros, na manhã de um ensolarado sábado. Nem o constante pedir de dinheiro dos dois filhos para comprar qualquer coisa que se vendesse na areia da praia fazia com que perdesse a paciência. Foi então que, depois de incríveis dez minutos de silêncio e muita observação, a sua esposa, chamada Neiva, que estava deitada em uma esteira ao seu lado, fez o inquietante questionamento.
- Orlando, olha aquele cara lá de sunga branca. Se eu te comprar uma, tu usas?
Orlando sorveu um gole de cerveja e avistou o referido “cara”, após Neiva apontar-lhe. Era rapaz moreno, alto, com os cabelos um pouco cumpridos e com o corpo bem definido por horas de academia. Tinha uma tatuagem nas costas, mas que pela distância não conseguiu definir o desenho. Usava a tal sunga branca, enquanto jogava frescobol com uma mulher.
- Usaria ou não?, perguntou novamente a esposa.
- Não sei! Estou pensando..., respondeu.
“Um cara de sunga branca, jogando aquele jogo. Isso não me engana... Só pode ser veado”, pensou Orlando, carregando no preconceito.
- Eu acho que tu ficarias bonito de sunga branca!, comentou Neiva, para quebrar o silêncio...
- Pois é..., replicou Orlando, sem muita convicção.
Com o comentário da esposa, Orlando se deu conta de que Neiva estava a observar o rapaz de sunga branca, que lhe pareceu ser um homem bonito, mas resolveu classificá-lo como “estiloso” para não cair em qualquer tipo de desconfiança. “Essa espertinha fica aqui sentada só cuidando os homens”, refletiu com espanto, como se tivesse descoberto uma grande verdade das relações humanas e esquecendo-se que ele próprio observava o sexo oposto. Sentiu uma pontinha de ciúmes. Tomava mais um gole de cerveja, quando teve que ouvir mais uma observação da esposa.
- Tem que ser um cara “beeeeem” resolvido para usar sunga branca! Frisou Neiva, acentuando o adjetivo.
- Pois é..., foi o que conseguiu responder Orlando, em meio aos seus inquietantes pensamentos.
Foi então que, em meio à confusão mental, Orlando olhou novamente para o rapaz de sunga branca e pode acompanhar com detalhes, quando a mulher com quem ele jogava frescobol, uma morena espetacular, com esvoaçantes cabelos longos, um par de coxas torneadas e com uma barriga como se fosse esculpida, correu em sua direção, saltando areia e com os fartos peitos a balançar, sem qualquer tipo de cerimônia, saltou no colo do homem de sunga branca e tascou-lhe um beijo cinematográfico. Nesse meio tempo, Neiva refez a pergunta:
- E aí, usaria a sunga branca? Posso comprar?
Degustando mais um gole de cerveja antes de responder, Orlando pensou que não ficaria bem de sunga branca, até achava coisa de “veado”, seria motivo de chacota dos amigos, mas e daí? Duas mulheres gostavam de homens de sunga branca e deveriam ter outras. Sem contar que (esperançoso e resumindo e desconsiderando quaisquer outros critérios), talvez, conseguisse arrumar uma morena daquelas para uma aventura vestindo o traje de banho. Com isso, sem titubear, lascou a decisão com um sorriso no rosto e sem deixar transparecer a real intenção:
- Claro, Amor! Se tu achas que vai ficar legal em mim, podes comprar!
• Jornalista
Sunga branca me lembra um episódio que minha
ResponderExcluirprima viu na praia...não vou reproduzir o fato aqui.
O texto está divertido, mas se o cara não for pelo
menos "inteiraço", vai ficar estranho.
Detesto sunga branca.
Abração
A sunga branca é linda, e valoriza o conteúdo, mas tem de ter cuidado quando molha.
ResponderExcluirEssa foi a chamada para divulgação que criei sobre o texto:
ResponderExcluirA polêmica “Sunga branca na praia”. Acesse a nova crônica no blog: http://rodrigoramazzini.blogspot.com/
Pelos comentários de vocês, Núbia e Mara, eu estava correto ao classificar a sunga branca como polêmica.
Obrigado pela leitura.
O meu blog está aí em cima. O twitter é: @RRamazzini
Aquele abraço!