Uma noite na Rua Jeremias
* Por Clóvis Campêlo
* Por Clóvis Campêlo
Na realidade, tudo começara no terraço daquela casa desocupada na Rua Jeremias.
O dinheiro era pouco, muita era a disposição. Algumas latas de sardinha Coqueiro (não sei por que a insistência dele com aquela marca de sardinha), uma garrafa de cachaça adoçada e colorida com Q-Suco de morango. E haja "sangue-de-onça".
Não sei como bebiam aquela geringonça. No entanto, era do que dispunham. Depois, lá para as tantas, sempre aparecia o Aires com um cigarrinho de maconha para rebater os efeitos colaterais. Foi assim que eu descobri Marx e Engels. Foi assim, depois da terceira dose, que ele retirou os livros de baixo do sovaco e fez as apresentações: "Isso aqui vai mudar a sua vida!". É claro que não levei a sério. Nunca o levara a sério, diga-se de passagem. Talvez eu ainda não soubesse que a revolução se daria através de lupem-proletariado.
Mas quem se importava com isso, naqueles dias de sol?! Havia todo um universo a ser descoberto e explorado além da Rua Jeremias. Isso sem falar nas xerecas das meninas que começavam a encabelar e emitir um cheiro diferente (quem sabe não era essa tal de progesterona).
Assim, quem poderia garantir que aqueles livros velhos e remendados seriam lidos? A vida era muito mais animada e interessante. Guardei-os com cuidado, porém. Não iria fazer a desfeita de extraviar ou avariar os livros. O cara demonstrara a maior consideração. É bem verdade que comera as sardinhas com denodo e tomara o sangue-de-onça como quem bebe o néctar dos deuses. Àquela hora da madrugada, a fome se fazia sentir. Logo, logo o dia amanheceria e a rotina da rua seria refeita.
Marx e Engels que me aguardassem. Ainda teríamos a vida inteira pela frente para nos conhecermos.
Convite:
O dinheiro era pouco, muita era a disposição. Algumas latas de sardinha Coqueiro (não sei por que a insistência dele com aquela marca de sardinha), uma garrafa de cachaça adoçada e colorida com Q-Suco de morango. E haja "sangue-de-onça".
Não sei como bebiam aquela geringonça. No entanto, era do que dispunham. Depois, lá para as tantas, sempre aparecia o Aires com um cigarrinho de maconha para rebater os efeitos colaterais. Foi assim que eu descobri Marx e Engels. Foi assim, depois da terceira dose, que ele retirou os livros de baixo do sovaco e fez as apresentações: "Isso aqui vai mudar a sua vida!". É claro que não levei a sério. Nunca o levara a sério, diga-se de passagem. Talvez eu ainda não soubesse que a revolução se daria através de lupem-proletariado.
Mas quem se importava com isso, naqueles dias de sol?! Havia todo um universo a ser descoberto e explorado além da Rua Jeremias. Isso sem falar nas xerecas das meninas que começavam a encabelar e emitir um cheiro diferente (quem sabe não era essa tal de progesterona).
Assim, quem poderia garantir que aqueles livros velhos e remendados seriam lidos? A vida era muito mais animada e interessante. Guardei-os com cuidado, porém. Não iria fazer a desfeita de extraviar ou avariar os livros. O cara demonstrara a maior consideração. É bem verdade que comera as sardinhas com denodo e tomara o sangue-de-onça como quem bebe o néctar dos deuses. Àquela hora da madrugada, a fome se fazia sentir. Logo, logo o dia amanheceria e a rotina da rua seria refeita.
Marx e Engels que me aguardassem. Ainda teríamos a vida inteira pela frente para nos conhecermos.
Convite:
O programa “Boa Noite Blues” de hoje, dia 12 de novembro, apresentará uma programação quentíssima, com músicas de B. B. King e Eric Clapton, Creedence Clearwater Revival, Bluestamontes, Muddy Waters, Johnny Winter e Jimi Hendrix.
Produzido e apresentado por Clóvis Campêlo e Bartolomeu Lima, o programa vai ao ar a partir das 18 horas, na Rádio Universitária AM do Recife, 820 Khz.
Os ouvintes podem participar através dos telefones 21268063 e 21268068 ou do e-mailcloviscampelo@yahoo.com.br.
Na internet, a Rádio pode ser acessada pelo site http://www.ufpe.br/ntvru.
Hoje, na Estação 820, não perca o mais autêntico blues.
-
• Poeta, jornalista e radialista do Recife/PE
Produzido e apresentado por Clóvis Campêlo e Bartolomeu Lima, o programa vai ao ar a partir das 18 horas, na Rádio Universitária AM do Recife, 820 Khz.
Os ouvintes podem participar através dos telefones 21268063 e 21268068 ou do e-mailcloviscampelo@yahoo.com.br.
Na internet, a Rádio pode ser acessada pelo site http://www.ufpe.br/ntvru.
Hoje, na Estação 820, não perca o mais autêntico blues.
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• Poeta, jornalista e radialista do Recife/PE
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