terça-feira, 30 de novembro de 2010











Festa Literária Internacional de Pernambuco (2007/2010)

* Por José Calvino de Andrade Lima


A Festa Literária Internacional de Pernambuco (Fliporto) este ano mudou. E eu, como escritor independente, ainda com disposição, não poderia deixar de registrar aqui no Literário um evento como a Flip, pela primeira vez, de paisagem. De Porto de Galinhas para a histórica Olinda, Cidade Patrimônio.
No sábado 13/11/2010, foi grande a alegria de encontrar a minha filha Maria do Carmo, com sua permanente capacidade de se comunicar com o próximo. Falamos sobre o fato da Flip homenagear a escritora Clarice Lispector e ela comentou sobre a palestra que assistiria com Contardo Calligaris, o psicanalista italiano residente no Brasil mais famoso do país, que faz ponte semanal entre São Paulo e Nova York e que atraiu centenas de psicólogos, que lotaram o auditório.
Como os debates eram transmitidos em telões, sem que fosse preciso comprar ingresso, quem não queria acompanhar as discussões teve a opção de passear pela Feira do Livro e assistir a leitura ao ar livre. Como não faço parte de panelinhas, fiz o que gosto: “ouvir a voz do povo”. Um poeta independente e o percussionista Emílio, mais conhecido por “Pinga” foram os que mais me chamou a atenção na Tribuna Livre da Praça do Carmo. Por que? Lembrei-me da Festa Literária Internacional (Fliporto), na então tribuna livre da Praça das Piscinas Naturais, Porto de Galinhas (2007), quando a UBE promoveu recital com a participação de 24 escritores. No domingo (14/11), o poeta e editor Lelces Xavier e Calvino Lima na Tribuna Livre fez a leitura do Folhetim Rimado (A herança que meu pai deixou!), de sua autoria, e que está sendo concretizado para levar aos leitores uma nova roupagem da Literatura de Cordel.

A quem interessar possa, segue a reprodução do show, gratuita:


1 - Maracatu Barco Virado: Olha que batuque, minha gente,/eu quero mostrar,/é o Barco Virado,/pra todo mundo dançar.//Dança preto e dança branco,/no Maracatu da Mata,/já dançavam os escravos,/sob o som dos atabaques.//O Maracatu no Paço,/ao paço pela tarde,/os reis vão assistir,/o rítmico do passo.../a alma negra está em nós,/o espírito da liberdade,/o batuque no terreiro,/este samba é de nós.//Dança, dança, minha gente,/Hoje não há mais escravos,/E vamos sambar,/Eu quero é sambar,/Eu quero é sambar...

( A platéia vibrou, sambando)


2 - Zezinho perde pão com medo das almas penadas


Zezinho trabalhava na padaria de seu Manoel, um português avarento da peste. A padaria ficava na Rua Padre Lemos em Casa Amarela, bem perto do cemitério.
Desde pequeno que ele tinha medo de alma. Além de trabalhar no balcão, fazia papel também de pãozeiro (nos anos 50 assim era chamado quem entregava de madrugada os pães nas casas dos clientes). Certo dia, quando passava pela calçada do cemitério, ouviu uma voz fanhosa:

- Ei, me dá um pão.

O susto foi tão grande que Zezinho derrubou o balaio cheio de pães e voltou às carreiras para a padaria mais branco do que cal. Só não viu o vigia Fom-fom (apelido por ter a voz nasal) morrendo de rir. Na padaria, o portuga carola tranqüilizou Zezinho:

- Fique calmo, Deus é pai. Vou descontar os pães de seu salário. Agora, você deve acender velas toda segunda-feira, à noite, para as almas penadas.

Zezinho pediu demissão na hora, dizendo:

- Alma, eu não quero ver mais nunca, nunca, nunca, nunca...

( Dominamos a platéia, fazendo todo mundo rir)


3 - Recife e Olinda: Do Recife/ De Olinda/ Das pontes/ Das praias/ Dos coqueiros/ Das gaivotas// Dos carnavais/ Dos bares/ das jangadas/ Das cirandas/ Dos amores// Do poema/ Da lua/ Do sol/ Dos arrecifes/ Dos morros/ das cidades...

4 – Festa Literária: Embora ocupado/ Mas pra mim foi bacana/ A Festa Literária/ Da Fliporto// (...) A nossa Bienal do Livro vem aí/ Eu quero ver os leitores/ O nosso livro procurar/ E cobrar também dos livreiros/ Os demais autores independentes// Finalizo com meu nome/ Vocês já me conhecem/ Através da poetada/ Calvino meu sobrenome/ A partir da intimidade/ Pois já sou de idade/ Vininho na intimidade/ Andrade Lima em nome da fidelidade. E

Obs: FLIPORTO foi de 12 a 15 de novembro de 2010.


Foto 1 - Calvino Lima - Fliporto Olinda (2010)

Foto 2 - O autor, lendo dois poemas da poetisa mineira Teresa Oliveira.

Foto 3 - Fliporto - Porto de Galinhas (2007)


*Formado em comunicações internacionais, escritor, teatrólogo, poeta, compositor, membro da União Brasileira de Escritores, UBE-PE e rei do Maracatu Barco Virado. Como escritor e poeta, tem trabalhos publicados nos jornais: Diário de Pernambuco, Jornal do Commercio, Folha de Pernambuco e em vários sites... Tem 11 títulos publicados, todas edições esgotadas. Em 2007, integrou-se na Antologia (Poetas Independentes).

3 comentários:

  1. É com o maior prazer que te acompanho
    Zé e não é pelo fato de se dirigir a nós
    que nos deliciamos com seus textos sempre
    tão delicado e sensível ao agradecer ou
    interagir com nossos colunistas e leitores
    mas sim, por essa escancarada paixão pela
    Literatura.
    Beijão poetamigo.

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  2. Muito agradecido, Núbia.
    Idem, você interage bem do nosso agradável convívio literário.
    Beijão, poetamiga!

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  3. O Brasil é tão grande que sua cultura apresenta mil versões. A internet integra tudo isso num único espaço como O Literário. É bom alcançar com a mão tanta diversidade: diverte e instrui. Gosto muito.

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