As possibilidades póstumas
* Por Juliano Luis Pereira Sanches
* Por Juliano Luis Pereira Sanches
Toda pessoa, em alguma vez na vida, já moveu a imaginação em torno da pós-morte. Lugares e pessoas logo aparecem na mente, quando se entrega a tal devaneio. Ora, as vontades são infinitas. Em momentos como esse, surgem indagações sobre os possíveis detalhes dessa arquitetura espiritual e até, talvez, dessa confraria celestial. Um espaço além do nosso mundo, bem composto, com pessoas para todo credo e gosto. Em possíveis momentos de concentração e vivência transcendental como esses da confraria, a imaginação certamente nos concede a permissão de convidar cantores de rock para shows celestiais e até estelares, com direito à dança, à coluna social, à reportagem e à crítica literária dos que já se encontram aos braços da Criação. Como num passe de mágica, ao pisarmos por lá, vamos penetrar em cenas alheias ao cotidiano, como se estivéssemos em outras dimensões e até mesmo em situações não-datadas, como se a bifurcação entre o concreto e o espiritual fosse rompida.
Escritores como Monteiro Lobato e Fernando Pessoa devem ter feito textos mil em meio a tantas inspirações e momentos de ócio criativo. Lá, as memórias devem ganhar vida num nível nunca antes contemplado por nós, que ainda estamos no mundo dos homens. No universo de Platão, no mundo das ideias, viveremos a divagar. Teremos talvez um terreninho, onde não precisaremos pagar aluguel nem os altos impostos que nos aguardam em tempos vindouros. Mas, vamos fazer preces para os grileiros e posseiros, pelo menos em situações além da vida terrena, tomarem consciência quanto aos limites fundiários. Livrai-nos dos males humanos da burocracia, da opressão e da ganância. Amém.
Não precisaremos pagar telefone, porque a mente já terá se desenvolvido a ponto de fazer e receber chamadas. Aqui o telefone, às vezes, toca de lá e nós atendemos, mesmo com as dificuldades de ruído e percepção. Mas, tudo vai se transformar, sem dúvida. Quem vai fazer a ligação é você. No entanto, como em todo lugar, vai precisar de créditos, concedidos conforme o seu comportamento e os seus propósitos. Pensou que não precisaria de créditos, não é? Se enganou, pois créditos você precisa ter em qualquer lugar. Por isso, inventaram o cartão de crédito, ou seja, um veículo de guardar informações, tão usadas e tão caras aos diversos lugares.
Os trabalhadores vão fazer chamadas com freqüência, pois é assim que vão poder ajudar a humanidade a se livrar das guerras, a impedir as tentativas de suicídio, a estimular os poderosos a fazerem caridade e tantas outras tarefas das chamadas missões impossíveis. Mas, todas as ligações vão ser muito práticas, sem as operadoras, os orelhões ou os DDD's. O aparelho vai ser você mesmo e suas vibrações. É melhor já começar a exercitar a sua consciência, pois as tarefas vão ser tão intensas quanto às daqui.
Chico Buarque, certa vez, fez uma composição, chamada “E se”, que parece representar as possíveis ocorrências dessa estrutura extra-física paralela ao nosso mundo. Algumas das frases dessa letra merecem ser mencionadas. “E se o meu dinheiro não faltar”; “e se o delegado for gentil”; “e se o carnaval cair em abril”; “e se o telefone funcionar”. Todas as afirmações citadas, ao que parece, só podem ocorrer nessa confraria, a não ser a do chefe de uma corporação policial, porque, no programa Zorra Total, da Rede Globo, tem um delegado, conhecido como Valente, que é a gentileza personificada.
Com seus jeitos claros, sarcásticos e objetivos, Dercy Gonçalves, sem sombra de dúvida, poderia recepcionar os visitantes, aqueles que, por força da insistência, conhecem a porta da Casa, mas são orientados a aguardarem mais algum tempo. Ao chegar, a pessoa receberia uma de suas mensagens de boas-vindas. Uma recepção, sem dúvida, indispensável para os novatos não se sentirem como os pés no chão.
* Jornalista, folclorista e poeta de Campinas. Foi repórter de assuntos gerais nos programas Sexta Cultural, Fractal, Jornal da Educativa e Bom Dia Campinas, da Rádio Educativa FM 101.9 (www.campinas.sp.gov.br). Atualmente, é apresentador, repórter e produtor do programa de jornalismo educativo Ponto & Vírgula da Rádio Educativa em parceria com a Secretaria de Educação de Campinas. Colaborador do Portal Sorocult (www.sorocult.com), e colunista do Jornalzen (www.jornalzen.com.br), de Campinas.
Escritores como Monteiro Lobato e Fernando Pessoa devem ter feito textos mil em meio a tantas inspirações e momentos de ócio criativo. Lá, as memórias devem ganhar vida num nível nunca antes contemplado por nós, que ainda estamos no mundo dos homens. No universo de Platão, no mundo das ideias, viveremos a divagar. Teremos talvez um terreninho, onde não precisaremos pagar aluguel nem os altos impostos que nos aguardam em tempos vindouros. Mas, vamos fazer preces para os grileiros e posseiros, pelo menos em situações além da vida terrena, tomarem consciência quanto aos limites fundiários. Livrai-nos dos males humanos da burocracia, da opressão e da ganância. Amém.
Não precisaremos pagar telefone, porque a mente já terá se desenvolvido a ponto de fazer e receber chamadas. Aqui o telefone, às vezes, toca de lá e nós atendemos, mesmo com as dificuldades de ruído e percepção. Mas, tudo vai se transformar, sem dúvida. Quem vai fazer a ligação é você. No entanto, como em todo lugar, vai precisar de créditos, concedidos conforme o seu comportamento e os seus propósitos. Pensou que não precisaria de créditos, não é? Se enganou, pois créditos você precisa ter em qualquer lugar. Por isso, inventaram o cartão de crédito, ou seja, um veículo de guardar informações, tão usadas e tão caras aos diversos lugares.
Os trabalhadores vão fazer chamadas com freqüência, pois é assim que vão poder ajudar a humanidade a se livrar das guerras, a impedir as tentativas de suicídio, a estimular os poderosos a fazerem caridade e tantas outras tarefas das chamadas missões impossíveis. Mas, todas as ligações vão ser muito práticas, sem as operadoras, os orelhões ou os DDD's. O aparelho vai ser você mesmo e suas vibrações. É melhor já começar a exercitar a sua consciência, pois as tarefas vão ser tão intensas quanto às daqui.
Chico Buarque, certa vez, fez uma composição, chamada “E se”, que parece representar as possíveis ocorrências dessa estrutura extra-física paralela ao nosso mundo. Algumas das frases dessa letra merecem ser mencionadas. “E se o meu dinheiro não faltar”; “e se o delegado for gentil”; “e se o carnaval cair em abril”; “e se o telefone funcionar”. Todas as afirmações citadas, ao que parece, só podem ocorrer nessa confraria, a não ser a do chefe de uma corporação policial, porque, no programa Zorra Total, da Rede Globo, tem um delegado, conhecido como Valente, que é a gentileza personificada.
Com seus jeitos claros, sarcásticos e objetivos, Dercy Gonçalves, sem sombra de dúvida, poderia recepcionar os visitantes, aqueles que, por força da insistência, conhecem a porta da Casa, mas são orientados a aguardarem mais algum tempo. Ao chegar, a pessoa receberia uma de suas mensagens de boas-vindas. Uma recepção, sem dúvida, indispensável para os novatos não se sentirem como os pés no chão.
* Jornalista, folclorista e poeta de Campinas. Foi repórter de assuntos gerais nos programas Sexta Cultural, Fractal, Jornal da Educativa e Bom Dia Campinas, da Rádio Educativa FM 101.9 (www.campinas.sp.gov.br). Atualmente, é apresentador, repórter e produtor do programa de jornalismo educativo Ponto & Vírgula da Rádio Educativa em parceria com a Secretaria de Educação de Campinas. Colaborador do Portal Sorocult (www.sorocult.com), e colunista do Jornalzen (www.jornalzen.com.br), de Campinas.
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