terça-feira, 16 de novembro de 2010




Sobre gavião-de-penacho e o Zeppelim



* Por José Calvino de Andrade Lima

Não há dúvidas de que somos um povo hospitaleiro e muito amável para com o trato das coisas dos outros povos, enaltecendo e pondo em evidência seus feitos históricos. Em contrapartida, colocamos em plano inferior nossos próprios feitos. Esta aversão vem a propósito do tombamento da torre metálica que serviu de atracação para o Graf Zeppelim, cujo ato governamental somente enalteceu as qualidades boas do nosso primeiro mandatário.

A remissão de que desprezamos os nossos próprios feitos heróicos não se refere ao ato de tombamento da Torre do Zeppelim, porém está diretamente ligada ao fato de que os administradores do Estado e do município não foram sensíveis à preservação do Patrimônio Histórico de Pernambuco, erguido na Praça da Encruzilhada, retratando o maior feito histórico da aviação mundial, a qual somos pioneiros. O obelisco construído em estilo dórico, encimado com um globo representando a Terra, onde repousava uma águia, em cujo pedestal lia-se a inscrição "em homenagem a Ribeiro de Barros, Vasco Sequine, Newton Braga e João Negrão", que foi totalmente destruído.

Com a reforma da Praça da Encruzilhada, houve inúmeras reportagens nos jornais de nossa cidade e pedidos da comunidade da Encruzilhada para conservar este feito mundial, o maior já visto na história da aviação, à época, antes do Zeppelim. A despeito do clamor da Imprensa e da população, colocaram a águia, monumento histórico de domínio público, em novembro de 1998, sem placa e de costas para a Avenida João de Barros. A antiga coluna foi iniciativa do jornalista Joaquim Oliveira, no compromisso de contribuir para a realização da obra em 1927. No mesmo ano, o monumento em homenagem aos pioneiros portugueses, Gago Coutinho e Sacadura Cabral, localizado na Praça 17, de frente para o mar, foi ofertado pelos portugueses de Pernambuco ao Recife.

Acontece que está havendo grande polêmica sobre a águia que reviraram em 1999 em frente à avenida, com placa nova: "Monumento ao Jahu (sic)". Na realidade, trata-se de um gavião-de-penacho, da Amazônia, que foi reconstituído e moldado em fibra de vidro pelo artista plástico Luiz Pessoa, sobre coluna oca pré-moldada, revestida de granito verde, pesando 11 toneladas. Substituindo assim o antigo, destruído para atender ao fluxo do tráfego naquele largo. Embora que a explicação do Sr. Luiz Pessoa não coincide com o esboço para corrigir o monumento da Águia da Encruzilhada. Sugestão e pedido do Rotary Club da Encruzilhada. De qualquer maneira, ficam aqui mais uma vez os agradecimentos à Prefeitura Cidade do Recife, em nome da população da Encruzilhada e dos que fazem a história dos povos.


* Formado em comunicações internacionais, escritor, teatrólogo, poeta, compositor, membro da União Brasileira de Escritores, UBE-PE e rei do Maracatu Barco Virado. Como escritor e poeta, tem trabalhos publicados nos jornais: Diário de Pernambuco, Jornal do Commercio, Folha de Pernambuco e em vários sites... Tem 11 títulos publicados, todas edições esgotadas.

4 comentários:

  1. Verdade Zé, tanta coisa boa para enaltecer
    e a maioria só enxerga o pavão alheio...
    Se não me engano Pedro se referiu a isso
    em um de seus editoriais como "complexo
    de vira-latas".
    Beijos Zé

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  2. Calvino, que feito foi esse, anterior ao Zeppellin? Precisamos sim, valorizar e não deixar cair no esquecimento os nossos momentos históricos. Faz bem em reclamar de monumentos pela metade, ou descaracterizados, ou colocados em local inapropriado.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Dizem que a repórter da TV Globo que me entrevistou foi suspensa. Acho que foi demitida.
    Obrigado queridas.
    A luta continua!

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