segunda-feira, 29 de novembro de 2010


Insônia Literária

* Por Karina Monteiro

O sono me esqueceu por completo. São 3 horas da manhã e nada dele se manifestar. Ás vezes, imagino que meu corpo e minha alma poderiam ser nutridos somente de versos, como se minha estrutura física não necessitasse do sono, nem do alimento, mas somente da grandeza interior adquirida pela paixão à arte e à escrita.
Não consigo parar. Este vício me consome dia a dia, madrugada a madrugada. Escrever é a força que me liberta das dores desta vida tão incerta. O dom de escrever é o presente que me foi dado. Após descoberto este poder, não canso de brincar com ele tal como uma criança entusiasmada. Às vezes não sei por onde meus passos devem caminhar, mas minhas mãos sabem exatamente quais traços devem ser deixados na folha em branco. Minha mente sabe primorosamente quais idéias devem ser expressas no papel.
Simplesmente quando eu estou sem rumo me coloco a escrever, então me reencontro e acho o caminho certo pra seguir. Escrever me devolve o chão, me traz tudo que necessito para continuar minha caminhada.
O silêncio da noite é meu companheiro. Ele me inspira a refletir e escrever. No momento em que estamos sozinhos, em busca do nosso verdadeiro eu, é quando realmente encontramos as respostas para às nossas aflições. É neste silêncio em que nos deparamos com nós mesmos, nossas fraquezas, sonhos e desejos. É no cair da madrugada que encontramos as nossas mais íntimas vontades e então percebemos o quanto somos movidos a sentimentos.
Mesmo que a madrugada passe e que apareçam os primeiros raios de sol da manhã, continuarei a escrever meus versos. O passar das horas já não me interessa. Perdi a noção de tempo tamanha é a sede que possuo de escrever, tamanha é a vontade de matar minha inquietude em cima de novos versos.
Esta é uma insônia maravilhosa. Não dormir para continuar escrevendo realmente vale à pena. Não quero saber se é dia ou noite, quero apenas escrever e descrever o que se passa em meu interior. Mesmo que meu corpo já não possua forças, minha alma não cansa de escrever. Portanto só dormirei quando for vencida por completo pelo domínio físico.
Que venham os próximos versos e que eu vire a próxima página do meu caderno de anotações literárias. O horário? Ah! Ele realmente não importa! Deixe-me escrever mais

* Poetisa e jornalista

2 comentários:

  1. Eu diria que é uma bendita
    insônia.
    Que as letras nunca lhe faltem.
    Abraços

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  2. É, Karina...Escrever é realmente um vício. Mas que vício saudável!
    Beijos

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