terça-feira, 23 de novembro de 2010




Maria Fumaça e a besta-fera

* Por José Calvino de Andrade Lima


Padre Cícero do Juazeiro, quando ia inaugurar uma estrada de ferro numa cidade qualquer do interior, sempre dizia aos sertanejos, agrestinos e matutos: “Vem por aí uma besta-fera correndo, apitando, soltando fogo e fumaça sobre trilhos...” A Maria-Fumaça arrotando faíscas de sua fornalha. A locomotiva apitava ao passar antes dos cruzamentos, soltando fumaça em desenhos, pela sua chaminé...” (O ferroviário,1980). Lendo ultimamente “A besta humana”, de Émile Zola, lembrei-me do Padre Cícero, (será que ele leu?) quando nas p.p. 163 e 164, “(...) A locomotiva abandonada continuava a rodar, a rodar, como potro bravio galopando em campo raso... O trem voava... A máquina rodava, rodava, sem cessar, como se a desnorteasse mais e mais o estertor da sua respiração... A estação em peso gelou de espanto, ao ver chispar numa nuvem de vapor e de fumaça, o trem-fantasma...”

O escritor Francisco Foot Hardman, em seu livro “Trem fantasma”, fez referência a várias obras que têm a ferrovia como tema, inclusive “O ferroviário”, de minha autoria. Lamentavelmente, Foot Hardman parece ter esquecido na 1ª edição de mencionar o nome de Émile Zola com a sua obra-prima “A besta humana”, na qual o romancista refere-se sempre aos trens, ligado que foi, desde a sua infância, à ferrovia.

Procurando nas livrarias a 2ª edição do “Trem fantasma”, Foot Hardman, desta vez, mencionou o nome de Émile Zola e sua obra.

* Formado em comunicações internacionais, escritor, teatrólogo, poeta, compositor, membro da União Brasileira de Escritores, UBE-PE e rei do Maracatu Barco Virado. Como escritor e poeta, tem trabalhos publicados nos jornais: Diário de Pernambuco, Jornal do Commercio, Folha de Pernambuco e em vários sites... Tem 11 títulos publicados, todas edições esgotadas. Em 2007, integrou-se na Antologia (Poetas Independentes).

4 comentários:

  1. Lembrei-me de uma aula em que a professora falava
    da chegada da ferrovia e do quanto ela influenciou
    nas vidas de cada um...
    Vejo em suas linhas o quanto isso faz parte da
    sua vida.
    Beijos Zé.

    ResponderExcluir
  2. Sou apaixonada por trens e aviões, Calvino. E vejo muita poesia na maria-fumaça. Belo texto.
    Abraços

    ResponderExcluir
  3. O trem, mesmo depois das tecnologias, não perdeu seu charme, seu romantismo, e ao pensar nele vem a saudade. Tantos livros, filmes e músicas bonitas: "Viajei de trem", " Eu vou de trem pra Montes Claros"(esta me faz chorar sempre). E você Calvino, vai a cada dia ficando mais e mais expert nesse tema. Logo teremos outro livro.

    ResponderExcluir