quarta-feira, 24 de novembro de 2010




Sensorial

* Por Adélia Prado

Obturação, é da amarela que eu ponho.
Pimenta e cravo,
mastigo à boca nua e me regalo.
Amor, tem que falar meu bem,
me dar caixa de música de presente,
conhecer vários tons pra uma palavra só.
Espírito, se for de Deus, eu adoro,
se for de homem, eu testo
com meus seis instrumentos.
Fico gostando ou perdôo.
Procuro sol, porque sou bicho de corpo.
Sombra terei depois, a mais fria.

* Adélia Prado é uma das principais poetisas brasileiras da atualidade, autora de vários livros de sucesso.

2 comentários:

  1. Caramba, ninguém comentou esta pérola, esta preciosidade! Será que as pessoas estão perdendo o bom gosto? Poema lindo, como, aliás, são todos compostos pema magnífica Adélia.

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  2. Achei inesperado o adoro a Deus, seguido ao "testo" o homem. Intencionava dizer detesto? Os sentidos são cinco, mas, para analisar o sexo oposto, surge o sexto sentido. Tentar explicar poema nos leva a achar que somos ridículos. No final, acabamos sendo sim.

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