Aí que saudades do carteiro...
* Por Aliene Coutinho
Há alguns anos me entristecia o fato do carteiro passar na rua e não me trazer nenhuma carta. Na época, quando gastávamos os dedos escrevendo páginas e páginas para passar notícias, e comprávamos selos e envelopes, me correspondia com primos dos quatro cantos do País, e com aquele que um dia se tornou meu marido. Dessa forma, a visita do carteiro sempre era esperada com muita ansiedade.
Durante alguns anos, tamanha era a freqüência das cartas que ele deixou de ser apenas o “carteiro”, eu sabia o nome dele, e ele sabia o meu. Éramos "quase" amigos, muita vezes lhe oferecia suco ou café em troca das boas notícias que trazia. Quando ele chegava na porta de minha casa não mais gritava o tradicional "correio!". Me chamava e dividia comigo a alegria de receber aqueles envelopes brancos, coloridos, com selos diferentes que passei a colecionar.
Guardo até hoje cada uma dessas cartas numa grande caixa de papelão. Freqüentemente, me pego relendo pedaços de minha vida, confidências, promessas e juras de amor. Grandes análises de nossas vidas de adolescentes também faziam parte dos conteúdos. Éramos críticos aos costumes e regras de comportamento da época e otimistas em relação ao futuro. Tudo muito normal para nossa idade.
Hoje, vejo meus filhos repetindo essa troca de informações via internet, eu mesma me comunico com parentes e amigos da mesma forma, mas como é triste não ter o mensageiro, aquela pessoa que sabia que pelo menos em alguns dias da semana, teria de me consolar dizendo: “hoje não tem nada, mas não se preocupe, amanhã virão muitas cartas”. Pelo computador não tem jeito. A gente abre a caixa de mensagem e algumas vezes não tem uma linha escrita, e graças aos filtros, sequer um spam. E aí, a gente fica pensando até que ponto, algo que une tão rapidamente pessoas de diferentes pontos do mundo, nos faz sentir tão sozinhos...
* Jornalista e professora de Telejornalismo
* Por Aliene Coutinho
Há alguns anos me entristecia o fato do carteiro passar na rua e não me trazer nenhuma carta. Na época, quando gastávamos os dedos escrevendo páginas e páginas para passar notícias, e comprávamos selos e envelopes, me correspondia com primos dos quatro cantos do País, e com aquele que um dia se tornou meu marido. Dessa forma, a visita do carteiro sempre era esperada com muita ansiedade.
Durante alguns anos, tamanha era a freqüência das cartas que ele deixou de ser apenas o “carteiro”, eu sabia o nome dele, e ele sabia o meu. Éramos "quase" amigos, muita vezes lhe oferecia suco ou café em troca das boas notícias que trazia. Quando ele chegava na porta de minha casa não mais gritava o tradicional "correio!". Me chamava e dividia comigo a alegria de receber aqueles envelopes brancos, coloridos, com selos diferentes que passei a colecionar.
Guardo até hoje cada uma dessas cartas numa grande caixa de papelão. Freqüentemente, me pego relendo pedaços de minha vida, confidências, promessas e juras de amor. Grandes análises de nossas vidas de adolescentes também faziam parte dos conteúdos. Éramos críticos aos costumes e regras de comportamento da época e otimistas em relação ao futuro. Tudo muito normal para nossa idade.
Hoje, vejo meus filhos repetindo essa troca de informações via internet, eu mesma me comunico com parentes e amigos da mesma forma, mas como é triste não ter o mensageiro, aquela pessoa que sabia que pelo menos em alguns dias da semana, teria de me consolar dizendo: “hoje não tem nada, mas não se preocupe, amanhã virão muitas cartas”. Pelo computador não tem jeito. A gente abre a caixa de mensagem e algumas vezes não tem uma linha escrita, e graças aos filtros, sequer um spam. E aí, a gente fica pensando até que ponto, algo que une tão rapidamente pessoas de diferentes pontos do mundo, nos faz sentir tão sozinhos...
* Jornalista e professora de Telejornalismo
A internet para mim é um paradoxo pois ao mesmo
ResponderExcluirtempo que parece te aproximar, também te afasta.
Lembro-me de minhas cartas perfumadas, de flores
murchas que vinham de longe...
Lindo texto Aliene.
Abraços
Estou lutando para gostar de estar comigo mesma e estou melhorando um pouquinho. Também tenho lembranças fortes de cartas que chegaram, e principalmente das que se extraviaram, que isso também existia. Em relação a tecnologia, vejo o celular e a internet aproximar quem está longe e afastar quem está perto.
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