Minha casa
* Por Aliene Coutinho
Algum dia você parou para observar a casa onde mora? O que tem ou falta nela? Que sentimento desperta? É um lugar onde se sente seguro, feliz? Minha casa tem o tamanho que me cabe, nem grande, nem pequena. Cada móvel, objeto, foi chegando aos poucos e se adaptando ao espaço, sem tomar espaço. Posso circular, sem esbarrar em nada, e de cada canto a vejo de um ângulo agradável.
É harmoniosa com certeza. Colorida. Não entendo de decoração, não recorri a revistas especializadas, não consultei nenhum especialista em Feng Shui, mas me sinto em paz quando estou dentro dela. A sala é ampla para receber os amigos, tem uma varanda que me inspira em dias ensolarados e noites de lua cheia, na cozinha consigo espalhar ingredientes na bancada para as receitas inventadas, nos quartos o vento entra sem pedir licença, assim como os primeiros raios de sol da manhã. É silenciosa na medida exata.
Nos intervalos do silêncio há risos, barulho das TVs e vídeos games, conversas adolescentes ao telefone, o som dos chuveiros, do secador de cabelo, no meio da tarde o canto dos periquitos, e ao anoitecer o piar das corujas. Pedaços preservados da natureza na urbanidade da quadra onde moro.
Dizem que quando se demora mais que devia no trabalho ou na rua, é porque não se tem ambiente em casa. Eu estou totalmente ambientada. Conto os minutos para estar e ser de casa. Sempre me senti assim, mas redescobri o prazer de estar nela em recente viagem ao exterior. Durante dezesseis dias visitei três países, conheci gente, visitei lugares que só havia visto em filmes, comi e bebi nos mesmos locais dos meus personagens literários preferidos, e quase morri de saudade. Havia história, passados seculares, tradições, cultura nas calçadas, esquinas, monumentos, ruas, mas minha casa não era lá. Talvez por isso tenha partido pensando na volta.
E o quanto foi bom retornar. Ao descer do avião aspirei todo ar que cabia em meus pulmões, e tentei enxergar além do que a vista alcançava. Nas avenidas por onde passei quase todos os dias de minha vida, sorri por conhecer as curvas, atalhos, buracos. A vontade era abraçar a cidade, a quadra, o prédio, meu apartamento, e nele o que houvesse pela frente.
Em minha casa moram, e recebo os que amo. É minha fortaleza, construída com muito suor, sonhos, e pedras que achei no caminho. Cada detalhe conta um pouco da minha história, da minha vida. Por isso, me desculpem, para entrar nela, só com senha.
* Jornalista e professora de Telejornalismo
* Por Aliene Coutinho
Algum dia você parou para observar a casa onde mora? O que tem ou falta nela? Que sentimento desperta? É um lugar onde se sente seguro, feliz? Minha casa tem o tamanho que me cabe, nem grande, nem pequena. Cada móvel, objeto, foi chegando aos poucos e se adaptando ao espaço, sem tomar espaço. Posso circular, sem esbarrar em nada, e de cada canto a vejo de um ângulo agradável.
É harmoniosa com certeza. Colorida. Não entendo de decoração, não recorri a revistas especializadas, não consultei nenhum especialista em Feng Shui, mas me sinto em paz quando estou dentro dela. A sala é ampla para receber os amigos, tem uma varanda que me inspira em dias ensolarados e noites de lua cheia, na cozinha consigo espalhar ingredientes na bancada para as receitas inventadas, nos quartos o vento entra sem pedir licença, assim como os primeiros raios de sol da manhã. É silenciosa na medida exata.
Nos intervalos do silêncio há risos, barulho das TVs e vídeos games, conversas adolescentes ao telefone, o som dos chuveiros, do secador de cabelo, no meio da tarde o canto dos periquitos, e ao anoitecer o piar das corujas. Pedaços preservados da natureza na urbanidade da quadra onde moro.
Dizem que quando se demora mais que devia no trabalho ou na rua, é porque não se tem ambiente em casa. Eu estou totalmente ambientada. Conto os minutos para estar e ser de casa. Sempre me senti assim, mas redescobri o prazer de estar nela em recente viagem ao exterior. Durante dezesseis dias visitei três países, conheci gente, visitei lugares que só havia visto em filmes, comi e bebi nos mesmos locais dos meus personagens literários preferidos, e quase morri de saudade. Havia história, passados seculares, tradições, cultura nas calçadas, esquinas, monumentos, ruas, mas minha casa não era lá. Talvez por isso tenha partido pensando na volta.
E o quanto foi bom retornar. Ao descer do avião aspirei todo ar que cabia em meus pulmões, e tentei enxergar além do que a vista alcançava. Nas avenidas por onde passei quase todos os dias de minha vida, sorri por conhecer as curvas, atalhos, buracos. A vontade era abraçar a cidade, a quadra, o prédio, meu apartamento, e nele o que houvesse pela frente.
Em minha casa moram, e recebo os que amo. É minha fortaleza, construída com muito suor, sonhos, e pedras que achei no caminho. Cada detalhe conta um pouco da minha história, da minha vida. Por isso, me desculpem, para entrar nela, só com senha.
* Jornalista e professora de Telejornalismo
Uhm...ter o seu canto, o seu porto seguro...não há preço que pague! Sim, um lugar especial, onde tudo faz sentido e onde vc se sente inteiro. Mais que casa, lar. E com as cores amorosas que vc pintou, Aliene, nem dá vontadede sair. Parabéns!
ResponderExcluirVc. sentiu bem o "clima". Obrigada, e ressalto: ela é mais colorida, clean e menos suntuosa que a casa da foto....
ResponderExcluirLevarei um livro de poesia. Passo?
ResponderExcluirA casa da gente é o melhor lugar do mundo, não é Aliene? a gente pode sair viajar, mas o porto é lá...
ResponderExcluirBeijos
Murta, vc. está mais que convidado, é só chegar!
ResponderExcluir