sábado, 22 de agosto de 2009


Prêmio Goncourt

Alguns leitores manifestaram estranheza pelo fato de estarmos abordando, nos últimos dias, a questão dos vários e principais prêmios literários que há por aí nestes editoriais. Quem estranha, porém, essa admiração é este Editor. Ponderemos. Afinal, há, por acaso, espaço mais apropriado e nobre para este tipo de informação do que uma revista eletrônica, como a nossa, voltada exclusivamente à Literatura? Claro que não!!!
Hoje, daremos alguns detalhes do mais prestigioso prêmio literário da França. Trata-se do Goncourt, instituído em testamento por Edmond Goncourt. Ele tem uma característica peculiar em relação a tantas outras premiações: é destinado a premiar, exclusivamente, o melhor livro de ficção em prosa da França de cada ano. Concorrem a ele, portanto, apenas romances, contos e novelas. Os demais gêneros, ficam de fora.
Para atribuí-lo, foi criada, em 1902, uma instituição com o único objetivo de selecionar o ganhador anual. Trata-se da “Société Litéraire dês Goncourt” (Sociedade Literária do Goncourt). Seus ilustres membros reúnem-se, mensalmente, a cada primeira terça-feira do mês, no célebre restaurante Drouant, em Paris, para deliberar os que, no seu entender, são os melhores livros de ficção do país no ano. Os vencedores são proclamados sempre no início de novembro, durante um dos costumeiros almoços dos componentes da Sociedade Goncourt.
O prêmio deste ano, portanto, ainda não foi decidido para quem irá. O primeiro Goncourt, porém, fugiu a essa regra. Foi anunciado em 21 de dezembro de 1903 e o ganhador foi Jean Antoine Nau (escritor absolutamente desconhecido entre nós), com o romance “Force ennemie”. O premiado do ano passado, por seu turno, foi Atiq Rahimi (também estranho, pelo menos para este Editor), pelo livro “Syngué sabour. Pierre de partioence”.
Ressalte-se que essa premiação jamais deixou de ser atribuída desde 1903, nem mesmo durante a ocupação nazista da França na Segunda Guerra Mundial. Alguns dos escritores ilustres, conhecidos no Brasil, que conquistaram o Goncourt, foram: Alphonse de Chateaubriand (1911, “Monsieur dês Lourdines”), Henri Barbusse (1916, “Lê feu”), Henri Malherbe (1917, “La flamme au poing”), Georges Duhamel (“1918, “Civilisation”), Marcel Proust (1919, “À l’ombre des jeunes filles em fleur”), André Malraux (1933, “La condition humaine”), Maurice Druon (1948, “Les grandes families”), Simone de Beauvoir (1954, “Mandarins”) e Marguerite Duras (1984, “L’amante”).
A exemplo no Nobel, o Prêmio Goncourt é uma espécie de “clube do Bolinha”. Afinal, de 105 escritores premiados desde a sua instituição (pasmem) apenas nove foram mulheres. Isso cheira, pelo menos a este Editor, a preconceito, o que não fica bem a pessoa alguma, e muito menos a intelectuais.

Boa leitura.

O Editor.

2 comentários:

  1. Pela primeira vez não li o ditorial inteiro. Quando apareceram os nomes franceses desconhecidos saltei e fui ao final. Mero preconceito, reconheço. É bom que a discussão fique no alto. Nosso comodismo tem de pelo menos ser sacudido.

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