sexta-feira, 28 de agosto de 2009




Pílulas literárias 19

* Por Eduardo Oliveira Freire

DÉMODÉ

Quis usar o primeiro presente que a mulher lhe dera. Aos seus olhos a camisa continuava nova. Ela quando o viu, deu uma gargalhada; o homem perguntou o por quê do riso e quis saber a opinião dela se estava bem com a camisa. Mentiu, dizendo que sim e se justificou que só ficou surpresa; no entanto, não ficou impune ao labirinto da memória. Quando olhou ao espelho da sala de jantar, viu-se a jovem dos tempos de faculdade, comendo um salgado no quiosque da “tia Marinalda”.

ESVAIR-SE

– NÃO QUERO. É que quando me beija fico exaurida e só quero dormir depois. Tem uma aparência frágil, mas pode ser tão perigoso como uma rosa repleta de espinhos. Deixa-me descansar nos seus braços. Em meu peito sinto as vibrações do seu coração e os espinhos a perfurar o meu.

LAÇOS

Um fantasma me enviou um e-mail e lhe respondi desta forma: "Você não sabe? Você morreu".. Então, ele apareceu, outro dia, com uma torta e conversamos sobre o passado. Concluiu que não havia mais a amizade entre nós, éramos dois estranhos. Resolvemos deixar os espectros da nossa juventude naufragarem nas profundezas da memória. Agora, buscamos uma nova amizade. Os laços se desatam, entretanto, ao reatarem, poderão surgir novos vínculos.

* Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante a escritor.

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