Características da novela
A novela, conforme vimos ontem, é considerada um gênero literário limítrofe. Ou seja, ora é confundida com um conto mais extenso, ora com um pequeno romance. A intenção do autor, na verdade, é a que conta. Os estudiosos de Literatura, porém, estabeleceram alguns parâmetros que a identificam e caracterizam.
O professor Massaud Moisés, por exemplo, detecta algumas características marcantes nessa forma de narrar uma história, que a distinguem de outros gêneros literários. Uma delas é a pluralidade dramática. Ou seja, a novela conta com vários enredos que a princípio parecem independentes, mas que, ao longo da narrativa, se ligam e se complementam.
Outro ponto a considerar é o chamado de “sucessividade”. E o que vem a ser isso? É a organização das várias células dramáticas em uma ordem seqüencial. Frise-se, todavia, que esta não precisa ser rigorosamente absoluta. A seqüência pode ser quebrada aqui ou acolá, sempre que a história principal que está sendo narrada assim o exigir.
Já o “tempo” da novela é o histórico, determinado pelo relógio e pelo calendário. A linguagem, por seu turno, tende a ser simples e clara, de acordo como se falava na época em que se passa a história principal e o local em que ela acontece (levando em conta, portanto, os vários dialetos).
A noção de espaço, por sua vez, é ligada à de tempo, acompanhando-o de perto no desenvolvimento da novela. O novelista não tem limites de personagens. Pode criar quantos julgar necessários.
Finalmente, no que se refere à trama, esta forma de narrar apresenta ritmo bem mais acelerado que o romance ou o conto, por basear-se, primordialmente, na ação. Daí prestar-se tão bem à radiodramatização e, principalmente, à teledramatização.
Resumindo, na novela temos a valorização de determinado evento que pretendemos transmitir aos outros, um corte mais limitado do que no romance e a passagem mais rápida do tempo, com o narrador ganhando maior importância como contador de um fato que já passou.
O crítico russo, Boris Eikhenbaum, distinguiu da seguinte maneira os três principais gêneros ficcionais, em artigo que escreveu em 1925: “O romance é sincrético, provém da história, do relato de viagem, enquanto novela é fundamental e provém do conto (Edgar Allan Poe) e da anedota (Mark Twain). A novela baseia-se num conflito e tudo o mais tende para a conclusão”.
Baseado nesses critérios, creio que a maioria dos contos que escrevi era (ou é), na verdade, um vasto conjunto de novelas. Mas isso importa? Fará alguma diferença para o leitor, a quem essas histórias se destinam, saber em que gênero elas são enquadráveis? Não, não e não!!! Claro que não!
Essa é uma preocupação que cabe, exclusivamente, aos acadêmicos e aos críticos, não a nós, escritores, que temos mais em que pensar para construir obras sólidas, interessantes, que permaneçam e nunca se deteriorem. E ponto final.
Boa leitura.
O Editor.
A novela, conforme vimos ontem, é considerada um gênero literário limítrofe. Ou seja, ora é confundida com um conto mais extenso, ora com um pequeno romance. A intenção do autor, na verdade, é a que conta. Os estudiosos de Literatura, porém, estabeleceram alguns parâmetros que a identificam e caracterizam.
O professor Massaud Moisés, por exemplo, detecta algumas características marcantes nessa forma de narrar uma história, que a distinguem de outros gêneros literários. Uma delas é a pluralidade dramática. Ou seja, a novela conta com vários enredos que a princípio parecem independentes, mas que, ao longo da narrativa, se ligam e se complementam.
Outro ponto a considerar é o chamado de “sucessividade”. E o que vem a ser isso? É a organização das várias células dramáticas em uma ordem seqüencial. Frise-se, todavia, que esta não precisa ser rigorosamente absoluta. A seqüência pode ser quebrada aqui ou acolá, sempre que a história principal que está sendo narrada assim o exigir.
Já o “tempo” da novela é o histórico, determinado pelo relógio e pelo calendário. A linguagem, por seu turno, tende a ser simples e clara, de acordo como se falava na época em que se passa a história principal e o local em que ela acontece (levando em conta, portanto, os vários dialetos).
A noção de espaço, por sua vez, é ligada à de tempo, acompanhando-o de perto no desenvolvimento da novela. O novelista não tem limites de personagens. Pode criar quantos julgar necessários.
Finalmente, no que se refere à trama, esta forma de narrar apresenta ritmo bem mais acelerado que o romance ou o conto, por basear-se, primordialmente, na ação. Daí prestar-se tão bem à radiodramatização e, principalmente, à teledramatização.
Resumindo, na novela temos a valorização de determinado evento que pretendemos transmitir aos outros, um corte mais limitado do que no romance e a passagem mais rápida do tempo, com o narrador ganhando maior importância como contador de um fato que já passou.
O crítico russo, Boris Eikhenbaum, distinguiu da seguinte maneira os três principais gêneros ficcionais, em artigo que escreveu em 1925: “O romance é sincrético, provém da história, do relato de viagem, enquanto novela é fundamental e provém do conto (Edgar Allan Poe) e da anedota (Mark Twain). A novela baseia-se num conflito e tudo o mais tende para a conclusão”.
Baseado nesses critérios, creio que a maioria dos contos que escrevi era (ou é), na verdade, um vasto conjunto de novelas. Mas isso importa? Fará alguma diferença para o leitor, a quem essas histórias se destinam, saber em que gênero elas são enquadráveis? Não, não e não!!! Claro que não!
Essa é uma preocupação que cabe, exclusivamente, aos acadêmicos e aos críticos, não a nós, escritores, que temos mais em que pensar para construir obras sólidas, interessantes, que permaneçam e nunca se deteriorem. E ponto final.
Boa leitura.
O Editor.
ACRESCENTO AINDA: A NOVELA É A REPRESENTAÇÃO MAIS SIMPLES DO MUNDO REAL AINDA QUE AS HISTÓRIAS SEJAM FICTÍCIAS E OS PERSONAGENS, NÓS SABEMOS QUE ELES SÃO CÓPIAS FIÉIS E INFIÉIS DE UMA SOCIEDADE SEM LIMITES!
ResponderExcluirPORTANTO QUEM ESCREVE NOVELA REPRISA O MUNDO TODOS OS DIAS...