Missões Jesuíticas da Argentina e do Paraguai
* Por Risomar Fasanaro
Além das missões brasileiras, também visitamos as de San Ignácio Mini na Argentina, e as missões de Trinidad e Jesus no Paraguai.
San Ignácio Mini
É a melhor preservada das missões argentinas. Fundada em 1632, ficou esquecida e só foi redescoberta em 1897. Localiza-se a 50 quilômetros de Posadas.
A distribuição das moradias, igreja, escola, cemitério e o cotiguaçu é sempre muito semelhante às outras que visitamos. Apenas diferem naquilo que se conseguiu preservar.
Nela as construções são de arenito vermelho, um tipo de pedra da região que confere grande beleza não só à redução como um todo, mas principalmente às imagens e figuras esculpidas no pórtico e fragmentos de altares e colunas no interior da igreja, em estilo romano. O templo tem 24 m de largura, 74 de comprimento e onze metros de altura., e me causa profunda tristeza pensar que, ainda assim, grande parte do que era aquele templo se perdeu ao longo dos tempos.
Visitando o museu pertencente àquela missão, constatamos que as janelas da igreja tinham vidros em verde e branco e que esses vidros eram produzidos no local, pela mão de obra indígena. E que, além de vidro, os guarani produziam, sob a supervisão dos jesuítas, peças em ferro, e diferentes padrões de pisos em cerâmica que estão expostos aos visitantes daquele museu.
Reconhecendo o valor daquela redução, a UNESCO a declarou Patrimônio Mundial da Humanidade em 1984.
Jesus
Esta redução está no Paraguai e não se trata de uma ruína, pois não chegou a ser concluída. Os três padres arquitetos que a planejaram, José Grimau, Antonio Forcada e Juan Antonio de Ribera eram espanhóis e isso justifica a diferença existente entre ela e as demais reduções.
Para Hernan Busaniche, “por sua magnitude e riqueza de detalhes” constitui um dos quatro templos monumentais e uma das jóias da arquitetura jesuítica guarani.
Missão da Santíssima Trinidad – Paraguai
A missão de Trinidad abrange 117 hectares, e foi uma das últimas a ser construída para abrigar os índios que tinham sido expulsos da Redução de São Carlos, RS.
Fundada em 1706 seus arquitetos foram Juan Bautista Primoli e José Grimau, ambos italianos. Construída inteiramente em pedra, foi descrita por um autor da época como uma obra sem igual em toda a América e tão bonita que superava muitas das cidades européias.
Frisos com anjos esculpidos pelos guaranis decoram o interior do templo, e ainda permanecem naquelas ruínas, desafiando o tempo.
As casas dos indígenas estão enfileiradas entre arcos de pedra que lembram os aquedutos romanos, e a escola, apenas iniciada, mostra paredes grossas de pedra que abrigariam os curumins. Mas eles foram expulsos antes e o burburinho de crianças dentro daquelas paredes nunca se fez ouvir.
A vegetação se enreda pelas colunas com fileiras de folhas, que sustentam a cabeça de um anjo entre grinaldas, testemunha a ausência daqueles que como em todas as outras missões, um dia foram forçados a abandoná-la.
* Jornalista, professora de Literatura Brasileira e Portuguesa e escritora, autora de “Eu: primeira pessoa, singular”, obra vencedora do Prêmio Teresa Martin de Literatura em júri composto por Ignácio de Loyola Brandão, Deonísio da Silva e José Louzeiro. Militante contra a última ditadura militar no Brasil.
* Por Risomar Fasanaro
Além das missões brasileiras, também visitamos as de San Ignácio Mini na Argentina, e as missões de Trinidad e Jesus no Paraguai.
San Ignácio Mini
É a melhor preservada das missões argentinas. Fundada em 1632, ficou esquecida e só foi redescoberta em 1897. Localiza-se a 50 quilômetros de Posadas.
A distribuição das moradias, igreja, escola, cemitério e o cotiguaçu é sempre muito semelhante às outras que visitamos. Apenas diferem naquilo que se conseguiu preservar.
Nela as construções são de arenito vermelho, um tipo de pedra da região que confere grande beleza não só à redução como um todo, mas principalmente às imagens e figuras esculpidas no pórtico e fragmentos de altares e colunas no interior da igreja, em estilo romano. O templo tem 24 m de largura, 74 de comprimento e onze metros de altura., e me causa profunda tristeza pensar que, ainda assim, grande parte do que era aquele templo se perdeu ao longo dos tempos.
Visitando o museu pertencente àquela missão, constatamos que as janelas da igreja tinham vidros em verde e branco e que esses vidros eram produzidos no local, pela mão de obra indígena. E que, além de vidro, os guarani produziam, sob a supervisão dos jesuítas, peças em ferro, e diferentes padrões de pisos em cerâmica que estão expostos aos visitantes daquele museu.
Reconhecendo o valor daquela redução, a UNESCO a declarou Patrimônio Mundial da Humanidade em 1984.
Jesus
Esta redução está no Paraguai e não se trata de uma ruína, pois não chegou a ser concluída. Os três padres arquitetos que a planejaram, José Grimau, Antonio Forcada e Juan Antonio de Ribera eram espanhóis e isso justifica a diferença existente entre ela e as demais reduções.
Para Hernan Busaniche, “por sua magnitude e riqueza de detalhes” constitui um dos quatro templos monumentais e uma das jóias da arquitetura jesuítica guarani.
Missão da Santíssima Trinidad – Paraguai
A missão de Trinidad abrange 117 hectares, e foi uma das últimas a ser construída para abrigar os índios que tinham sido expulsos da Redução de São Carlos, RS.
Fundada em 1706 seus arquitetos foram Juan Bautista Primoli e José Grimau, ambos italianos. Construída inteiramente em pedra, foi descrita por um autor da época como uma obra sem igual em toda a América e tão bonita que superava muitas das cidades européias.
Frisos com anjos esculpidos pelos guaranis decoram o interior do templo, e ainda permanecem naquelas ruínas, desafiando o tempo.
As casas dos indígenas estão enfileiradas entre arcos de pedra que lembram os aquedutos romanos, e a escola, apenas iniciada, mostra paredes grossas de pedra que abrigariam os curumins. Mas eles foram expulsos antes e o burburinho de crianças dentro daquelas paredes nunca se fez ouvir.
A vegetação se enreda pelas colunas com fileiras de folhas, que sustentam a cabeça de um anjo entre grinaldas, testemunha a ausência daqueles que como em todas as outras missões, um dia foram forçados a abandoná-la.
* Jornalista, professora de Literatura Brasileira e Portuguesa e escritora, autora de “Eu: primeira pessoa, singular”, obra vencedora do Prêmio Teresa Martin de Literatura em júri composto por Ignácio de Loyola Brandão, Deonísio da Silva e José Louzeiro. Militante contra a última ditadura militar no Brasil.
Os guaranis eram o máximo mesmo, hein! Nunca aprofundei estudos, sequer leituras, a respeito deles mas, pelo que vc relata, cara Ris, é tudo muito interessante. Um passeio pela história e pela geografia - quanto prazer!
ResponderExcluirNoutros relatos você centralizou nas pessoas e nesse fala mais da arquitetura. Bela descrição. Dá vontade de ver as fotos, embora não seja preciso, em vista da descrição estar muito bem feita. Está logo alí, e nem imaginamos.
ResponderExcluirQueridos Daniel e Mara
ResponderExcluirSim, os guaranis são o máximo, Daniel. Apenas lamento que a troca entre as culturas não tenha sido igual. Eles assimilaram a cultura europeia, mas os europeus não assimilaram a cultura guarani na mesma medida. É pena...Vendo tudo aquilo me lembrei de um poema de Oswald de Andrade:
Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tria despido
O português
Mara, nessas missões que descrevi já não havia novidades a dizer sobre as pessoas. Foi isso. Mas San Ignacio Mini é realmente linda!