Labirintos
* Por Carla Andrade Bonifácio Gomes
Uma voz de degraus —
inalcançáveis — está presa no porão
dos pensamentos.
Há muito tempo,
quando ninguém sabia
se pode mastigar o tempo
(as horas são ainda
mais mastigáveis),
ela já estava lá.
Na infância, tinha dentes.
Presas de cristal...
Era o tato
e todos os dedos do mundo
formigas estranguladas
nuvens de baralhos do céu
carrosséis berrantes da alegria.
(Às vezes, disfarçava-se de saltos
e, em cima das árvores, perseguia pipas).
Na adolescência, piscava aos vaga-lumes.
Cheiro de enxame, gosto de fumaça,
censura de pêlos e
textura de ferida lívida.
A voz, epílogo de beijos
(sufocados de sonhos
em capítulos rosas).
Hoje, a voz, só uma música.
Sem cor e gosto de terra:
fala palavra, cospe sílaba.
Um buraco de ecos.
Degraus inalcançáveis, sepulcros
de memórias de framboesas.
* Poetisa
* Por Carla Andrade Bonifácio Gomes
Uma voz de degraus —
inalcançáveis — está presa no porão
dos pensamentos.
Há muito tempo,
quando ninguém sabia
se pode mastigar o tempo
(as horas são ainda
mais mastigáveis),
ela já estava lá.
Na infância, tinha dentes.
Presas de cristal...
Era o tato
e todos os dedos do mundo
formigas estranguladas
nuvens de baralhos do céu
carrosséis berrantes da alegria.
(Às vezes, disfarçava-se de saltos
e, em cima das árvores, perseguia pipas).
Na adolescência, piscava aos vaga-lumes.
Cheiro de enxame, gosto de fumaça,
censura de pêlos e
textura de ferida lívida.
A voz, epílogo de beijos
(sufocados de sonhos
em capítulos rosas).
Hoje, a voz, só uma música.
Sem cor e gosto de terra:
fala palavra, cospe sílaba.
Um buraco de ecos.
Degraus inalcançáveis, sepulcros
de memórias de framboesas.
* Poetisa
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