domingo, 8 de janeiro de 2017

Rosa azul


* Por Pedro J. Bondaczuk


Ela morreu
Eis seu cortejo de formigas
seguindo assanhadas.

O sacerdote Tempo,
vestido de jade,
lê na Bíblia do infinito
uma passagem de fogo
com sua voz de trovão...!

E a Noite,
mãe de todas as coisas,
quase desfalecendo,
encheu-se toda de tristezas
e desfez-se em prantos,
com lágrimas de cristal.

Chove! Não vês?
É a Noite que pranteia
a filha que o vento gerou
em suas misteriosas entranhas.

Ela morreu!
A Noite está triste!

Morreu a rosa azul
do sonho de um menino
e os ciprestes, em coro,
entoam-lhe um requiém!

(Poema composto em 13 de abril de 1963 e publicado na "Gazeta do Rio Pardo" em 3 de novembro de 1968).

* Jornalista, radialista e escritor. Trabalhou na Rádio Educadora de Campinas (atual Bandeirantes Campinas), em 1981 e 1982. Foi editor do Diário do Povo e do Correio Popular onde, entre outras funções, foi crítico de arte. Em equipe, ganhou o Prêmio Esso de 1997, no Correio Popular. Autor dos livros “Por uma nova utopia” (ensaios políticos) e “Quadros de Natal” (contos), além de “Lance Fatal” (contos), “Cronos & Narciso” (crônicas), “Antologia” – maio de 1991 a maio de 1996. Publicações da Academia Campinense de Letras nº 49 (edição comemorativa do 40º aniversário), página 74 e “Antologia” – maio de 1996 a maio de 2001. Publicações da Academia Campinense de Letras nº 53, página 54. Blog “O Escrevinhador” – http://pedrobondaczuk.blogspot.com. Twitter:@bondaczuk


  

Um comentário:

  1. Que belo! É a cara da minha infância. Em 68 eu tinha 13 anos. Foi no mesmo ano de Alegria, alegria.

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