Auxílio-jaquetão e outras providências
* Por
Marcelo Sguassábia
Bendita a hora em que
tomei a deliberação de alocar o Jervoilson, Assessor D.A.S. 6 e apaniguado há
sucessivas legislaturas do Bergoncildes Canastra, para organizar minha
biblioteca da fazenda. O pobre andava mesmo enfastiado da chupação de lápis na
sub-comissão de transcrição para braile dos discursos parlamentares, e com esse
afazer pode ocupar melhor os seus dias e amealhar de lambuja umas horinhas
extras. No total são 1.587.313 exemplares do “Marimbondos d’Água” entulhados no
paiol, em edições patrocinadas pela Prefeitura de Santa Luz, pelo Governo do
Estado do Maralhão e pela gráfica do Senado, que honrou-me com 38 edições
anuais e consecutivas para distribuição a ONGs e escolas públicas brasileiras e
do Mercosul.
No mais, devo admitir
que foi bastante puxada a semana que passou, com variadas emendas apresentadas
e favas contadas para aprovação. A primeira delas dispõe sobre a dispensa dos
senhores senadores e suplentes de suas atividades legislativas no dia de seus
respectivos aniversários. Permanecendo em suas bases eleitorais, os mesmos
poderão receber, no recesso de seus lares, os merecidos parabéns dos
correligionários.
A segunda emenda diz
respeito à inclusão do Arroz de Cuxá, iguaria da qual não consigo me privar, no
cardápio do restaurante do Senado. Já agendei uma degustação no plenário ao som
de Alcione, glória maralhense, acompanhada da Banda de Pífaros de Coroatá.
Já a terceira emenda
só passa em primeira votação à força de conchavo e de marcação homem a homem,
com os aliados da base governista caçando apoiadores na unha: a criação do
“Auxílio-Jaquetão”, com verba inicial de R$ 2.600,00 inclusa no contracheque e
isenta dos descontos de praxe. Modéstia à parte, considerei memorável o meu
discurso, onde defendi a indumentária como sendo alternativa salutar ao calorão
do cerrado, facultando o seu uso em substituição ao terno e gravata
protocolares. Foi deferido ainda o encaminhamento, sem necessidade de
licitação, de estudo de figurino feminino do referido jaquetão, para que as
senadoras também sejam contempladas pelo benefício. O ilustre senador Filinto
Mangol fez um aparte muito a propósito, sugerindo que a versão feminina
contivesse estampas de florzinhas nativas das regiões de onde as legisladoras
são oriundas.
Por tratar-se de
assunto correlato, fiz constar nas discussões do mesmo dia outro projeto de
minha autoria: a “Licença-Abotoadura”, que torna não-obrigatório o uso do
adorno nas sessões plenárias, pelos mesmos motivos expostos para adoção do
jaquetão, quer seja, a tórrida temperatura brasiliense. Adicionalmente, nossa
Casa de Leis ganharia um fortalecimento da sua imagem perante a opinião
pública, já que sem as abotoaduras se tornará mais prático o procedimento de
arregaçar as mangas no batente.
Concluindo, o projeto
denominado “Seguro-Jeton”, que estabelece o recebimento do adicional por
assiduidade ainda que o Senador ou suplente não seja propriamente assíduo às
sessões. Ninguém desconhece que a existência do Jeton é expediente criado para
reforçar a remuneração básica, e o seu não recebimento seria motivo de dissabor
e desconforto, tanto na Câmara quanto no Senado. A apreciação da matéria se
dará em caráter de urgência urgentíssima, havendo ou não o quórum regulamentar.
* Marcelo Sguassábia é redator publicitário.
Blogs: WWW.consoantesreticentes.blogspot.com
(Crônicas e Contos) e WWW.letraeme.blogspot.com
(portfólio).
Em vez de ir ao Maralhão, melhor ir para Maracangalha, que, eu soube, fica na Bahia.
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