terça-feira, 31 de maio de 2016

Conforto e bem-estar


O ambiente de trabalho é fator importante para a saúde e o bem-estar do trabalhador e, por conseqüência, para a sua produtividade. Até não faz muito, as empresas não se preocupavam com esse fator. Pensavam, apenas, em lucros crescentes e imediatos, no curto prazo. Pouco se importavam se a mão de obra que tocava sua atividade corria ou não riscos de contrair doenças incapacitantes causadas pelo trabalho. Se o operário ficasse doente, por causa da atividade que exercia, contratavam outro e tocava-se a vida.

Hoje, isso mudou. E não, propriamente, em virtude de súbito ataque de consciência dos capitalistas que gerem esses negócios. Evoluiu, para melhor, em decorrência de já extensa legislação a respeito. Estamos, claro, ainda muito distantes do ideal, mas a evolução foi sensível e louvável. Hoje há maior preocupação com o ambiente de trabalho, com a quantidade de ruídos, com o peso que um trabalhador tenha que levantar, com iluminação etc.

Estes fatores, de conforto e bem-estar, valem, também, para quem escreve profissionalmente. Não me refiro a quem faça algum texto ocasional, sem nenhuma obrigatoriedade, mas aos que despendem oito, dez e não raro catorze horas contínuas de redação.

Estes requerem todo o cuidado possível com escrivaninhas (ou bancadas de computador), cadeiras e outros equipamentos, respeitando-se a questão ergonométrica, ruídos etc. Outra cautela que se deve ter (a principal) é com a saúde dos olhos. Ou seja, a iluminação tem que ser a adequada, para que não se prejudique a visão do redator.

Não se recomenda, por exemplo, que ele fique por mais de uma hora seguida à frente do computador. Manda o bom senso que faça pausas de dez a quinze minutos, após esse período, para descanso dos olhos. Há vários exercícios que facilitam isso. Um deles, é o de olhar, fixamente, para um determinado ponto, por alguns minutos, para que as pupilas possam se descontrair.

Escrever não deve e nem precisa ser nenhuma sessão de tortura. Quanto mais confortável o redator se sentir, maior será sua capacidade de concentração e, por conseqüência, melhor haverá de ser a qualidade do seu texto (isto, se for, realmente, do ramo, dotado do talento, criatividade e técnica que a atividade requer).

Quando um escritor vai escrever um romance, por exemplo, precisa montar toda uma estratégia de produção, estipulando horários para leitura, pesquisa e textos, para ter êxito na empreitada. Não raro, será uma jornada de pelo menos seis meses contínuos e, quanto mais prazeroso for o ato de escrever, maiores chances ele terá de produzir obras consistentes, preciosas e duradouras.

Estão longe os tempos (felizmente) em que os livros eram todos feitos a mão, por esforçados “copistas” (em geral, monges). As edições raramente chegavam a cem exemplares e consumiam anos de trabalho não somente do autor, mas dos que as reproduziam, com letras caprichadas e artísticas e belas encadernações.

A invenção de Johann Guttenberg foi, pois, uma das maiores revoluções (industriais e por extensão, espirituais) de todos os tempos. Possibilitou, entre outras coisas, o acesso de qualquer pessoa ao livro e, por conseqüência, a um vastíssimo universo de conhecimento e experiência humanos.

Escritor amigo, não faça da sua atividade um eventual instrumento de tortura. Cuide da sua saúde, seu maior patrimônio. E escreva, escreva sempre e muito, cada vez mais e melhor, mas com conforto, bem-estar e segurança. E, sobretudo, com prazer.

Boa leitura.

O Editor.

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