Operação Cobra Coral
* Por
Paulo Melo Sousa
ignorados desastres cósmicos
libertam cardumes de enigmas
o inapelável semeia
sagrados presságios nirvânicos
nas redondezas dos umbigos do terceiro milênio
manuscritos que ainda serão imaginados
soletram o abecedário da barbárie
no tutano das impenitências
beber
beber ao despropósito do efêmero
enquanto salmos pânicos são entoados
no epiléptico soluço espumoso dos grandes lábios
das putinhas
beber ao azougue das coisas incrédulas
ao martírio de Bartók alucinando as vésperas do
amanhecer
beber ao ânimo das antigas cerimônias xamânicas
embrenhadas no labirinto das eras
o bulício das palavras do oráculo derradeiro
rabisca uma brusca interrogação
na incerteza do sacrifício dos bons
pulverizando a insana crença nas terras dantes
prometidas
o absurdo possui petrífica musculatura
esgrima um naco de espanto
no caroço dessa estúpida balbúrdia humana
que procria torturas e perplexidades
e nada contra o nada
atropelando o fraco receio dos contrários
ecos de batalhas doidas
ainda não se apagaram nos abismos
guerreiros intactos sopram abalos sísmicos no
coração da matéria
vibram coriscos fantásticos no ar
apesar dos que negaram o doce hálito incendiário do
combate
ainda estamos de pé
*
Poeta e jornalista maranhense, autor dos livros “Visagem” e “Oráculo de
Lúcifer”
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