terça-feira, 24 de maio de 2016

Um ato de amor

Ensinar uma pessoa a ler, e mostrar-lhe o grande prazer que é a leitura, é um ato de amor. Desvenda, aos olhos de quem aprende, um mundo quase infinito de conhecimentos e de possibilidades. Entendo que essa deveria ser tarefa dos pais, de todos eles, embora hoje isso seja impossível. A razão? Simples. Mais de um bilhão deles ainda são analfabetos.

Dos que não são, poucos são os que têm “tempo” para os filhos, pretextando a “correria do mundo moderno”. Esquecem-se, todavia, de horas e mais horas que desperdiçam a pretexto de lazer, em atividades que sequer são de fato divertidas.

Há pais, no entanto, que fazem questão de alfabetizar os filhos. Infelizmente são poucos. Os que não o fazem sequer sabem o que perdem. Deixam de privar de momentos de intensa afetividade, parceria e cumplicidade até, com sua prole. Quando ficam velhos, lamentam amargamente não terem aproveitado melhor a presença dos filhos no lar. Aí... já é tarde.

Claro que essa alfabetização teria que ser lúdica. Teria que parecer, a quem aprende, que se trata de uma gostosa e inteligente brincadeira. Caso pareça uma obrigação... O tiro tende a sair pela culatra. A criança irá mentalizar que ler é desagradável e chato, o que, evidentemente, não é.

Se os pais não quiserem, ou não puderem alfabetizar os filhos, podem, pelo menos, motivá-los de outras maneiras a ler. Como? Simples! Lendo-lhes, antes deles dormirem, histórias... de Andersen, por exemplo, ou fábulas de La Fontaine ou de Esopo, ou coisas assim. As crianças, quando crescerem, certamente nunca esquecerão desses momentos de intimidade e de amor. E, sem que se dêem conta, até subconscientemente, verão, sempre, no livro, um companheirão. Ao lerem, alguns ouvirão, até, a voz do pai (ou da mãe) e se deleitarão com a leitura.

Pena que aqueles que mais precisam saber ler não tenham a mais remota possibilidade de aprender dessa maneira (e, não raro, de nenhum outro modo). Refiro às crianças pobres, pobres mesmo, que vivam em lares onde toda a sorte de dificuldades seja sua realidade cotidiana. E em que seus pais tenham que lutar pela simples comida do jantar, sua prioridade máxima, e por isso não tenham, de fato, tempo, paciência, disposição e, principalmente conhecimento para essa tarefa de amor.

Alguns desses meninos e meninas sequer sabem quem são seus verdadeiros pais. Criam-se ao Deus dará, como bichos e nunca como uma criança deveria ser criada. E os lugares em que vivem são autênticas “sucursais do inferno” em que imperam a miséria, a violência, a ignorância e outros tantos subprodutos da marginalidade.

Pena! Pena mesmo! A leitura, nesses casos (e a educação, claro) seriam suas únicas chances de mudarem de vida, de terem alguma ascensão social e econômica por menor que fosse e não replicarem, com isso, o terrível tipo de vida dos pais. Querer que tenham acesso ao livro, desgraçadamente, hoje não passa (ainda) de utopia.

Boa leitura.

O Editor.

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Um comentário:

  1. Não tive o prazer de ensinar meu filho a ler e nem pude ler muitas histórias para ele, pois começou a ler de repente aos três anos e cinco meses sem ninguém ensinar-lhe uma letra que fosse. Como? A TV o ensinou. Com quantos isso aconteceria? Para mim é um mistério até hoje.

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