Sobre
panelas e tampas
* Por
Evelyne Furtado
Crise
dos 25? O que vem a ser isso? Não me lembro dessa, Fernandinha. Tive
uma perda grande durante essa fase e a crise passou despercebida.
Para você ver que a vida é mais do que essas questões menores que
a gente internaliza.
Nesse
período eu também tinha acabado de ganhar o maior presente que a
vida me deu e que junto com você faz 25 anos em abril. A vida é
assim tira e põe; põe e tira, mas se a gente prestar atenção mais
dá
do que tira. Tampa também se põe e se tira.
Aqui
já estamos falando em panelas e apesar de não ser manchete
jornalística é gritante a crise no mercado de tampas. Há mais
panelas do que tampas. Mas ainda há tampas e boas tampas. Claro que
para deixar de ser frigideira, há de se querer uma tampa das
melhores, não é?
Você
não é do tipo que aceita tampa que aperte ou que não se ajuste, só
para dizer que tem uma. Uma tampa para chamar de sua? Bem, não digo
que em alguns momentos até se use e que faça bem, mas conheço de
perto essa quase filha e sei que ela está escolhendo.
Pois
bem, encare esse momento como um momento de escolha sua e não da
tampa. Afinal, dizem que somos nós a escolher. Quanto à crise de
idade, esse papo renderia mais. No ano que vem estaremos em dobro
outra vez literalmente, ou melhor, numericamente.
Como
você, sou ansiosa e já estou vivendo ela, mas tento todos os dias
ver o lado bom da história. É o meu exercício diário, além das
listas de exercícios de estatística, pois voltei à faculdade,
dessa vez cursando Psicologia, e também entram números nesse curso
tão humanista.
Não
há receitas, parceirinha, mas alegria, bom humor e música ajudam.
Qualquer hora a gente se encontra para cantar aqui em Natal ou aí na
Paulicéia, com Vinha no coro e quem sabe com tampas na percussão.
Natal, 22 de fevereiro de 2011
*
Poetisa
e cronista de Natal/RN.
Uma tampa pra chamar de sua. Boa analogia. Ninguém quer ficar destampado.
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